quarta-feira, 16 de abril de 2025

a minhoca

 minhoca não arreda o pé da terra

bailarina clássica,
de música inaudível entranhada
na sua alma de puro barro.

Dança, salta,
não tira o pé do palco
assombra com sua coragem de
enfrentar o sol
sua vida tão frágil.
não tira o pé do palco.

A árvore não lê suas folhas
balança, chaqualha os galhos
a semente voa....
se cai, a enxurrada arrasta, enterra
mas a árvore não tira o pé da terra.

Outra árvore, assombrosa, frondosa surge
sem evolução
sem reclamação, sem monotonia,
sem repetição... só para chaqualhar os galhos...
espalhar sementes... construir sertão...

O pássaro, coça as penas, balança as asas
abre o bico, não tira o pé do palco
não sai da cena.
leve feito brisa,
a noite, ninguém dele tem notícias.

A onça, o leão
são mais fortes que napoleão...
mais bonitos que Cleópatra
No cinema são maravilhosos
suas roupas únicas no mundo
despertam inveja das estrelas mais brilhosas.

Não abandonam seu olhar selvagem
suas garras de aço
sua força estrondosa
sua agilidade,
não há valor de troca.

A onça e o Leão
não procuram evolução.
não tiram o pé do chão
em nenhuma situação.

O peixinho, o tubarão
no profundo, fundo dos oceanos
não fazem planos de revolução
vivem...como se a eternidade
já tivesse a solução.

Suas escamas, suas camas
sempre muito limpas arrumadas
mala prontas pra viagem
nadadeira sempre afiada.

Os peixinhos, tubarões, baleias
golfinhos, estrelas do mar,
borboletas da areias
são sempre shows vividos
nas arenas de suas vidas.

Não tiram o pé do palco
não dormindo sai da cena.

pessoa pensa,e é esse o dilema.
busca evolução, recompensa
o futuro, talvez, fome imensa
daquilo que se guarda na despensa.

Mas nesta lei de aprendizagem
só vale qualquer coisa negociável
que possa ser adquirida
por camelô desonesto
que faz pontos na estrada da vida.

Inocentes ou ignorantes
entregam tempo e vida
o sangue restante das veias
que alimenta a grande ferida.

Mas seu pé do chão
a terra não desprende não.

Não tira o homem do palco
o cenário tão lindo, é deslumbrante
os olhos dele errante
quer paraíso delirante.

sua alma de menino
não para de sonhar,
seu choro é sino
eternamente a repicar.

às vezes, é música,
brilho de estrela, no orvalho do mar
mas a terra e o homem um do outro
sempre será.

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