sábado, 5 de abril de 2025

No retanguim o Çê memo uai, boba!

 

No retanguim o Çê memo uai, boba!

A mãe e o pai oiavam no retanguim
pendurado na parede,
uma vez por semana

O pai embicava a boca
torcia o bigote
balançava o cabelo...

A mãe sempre fazia cara de desgosto,
conferia os cantos dos zoios com os dedos
e esticava o pescoço e oiava os dente.

Eu não podia oiá,
não arcançava no retanguim.
Minha vó nunca oiava,
desprezava o retanguim.

Um dia eu disse
quero ver o que tem lá...
Não interessa pra criança, respondeu-me ela.

Sempre fazia todas minhas vontades,
Até prender uma dália vermeia
enorme no meu cabelo e dizer que tava lindo...

De tanto insistir ela tirou o retanguim da parede,
e eu oie:
O que isto, perguntei:
O cê memo, uai, boba.
Franzi a testa com muita intensidade, até hoje pode ser ver o resultado...

uma marca bem profunda.
O cê memo é o nome daquilo
 que fica escondido atrás do espeio que espio
e que me espia também.

Demorou mas de noite passei a furtar o espeio da parede,
de 15 por 10 cm... Luz, só tinha memo no sol porisso
de noite também tinha que furtar a lamparina
depois que todos dormissem, uma suposição,
o que era bem dificil porque o cheiro insuportável de querozene
e a fumaça não deixava ninguém em paz.
furtar uma pequena claridade e  oiá no espeio
com muito cuidado  porque forro na casa num tinha,
quarquer raio de luz que aparecesse dentro de quarquer quarto
podia ser percebido por todos.

De noite o espeio era meu.
O cê memo era muito feio.
Passei a cuidar mió  do cê memo.

Vieram os tempos modernos.
o cê memo ficou empoeirado na sala de visita
e acabou numa caixa véia
me apoderei definitamente dele.

Um  dia desejei visitar o cê memo,
para tanto precisava quebrar aquela parede,
que fica entre minha casa e a casa do cê memo...

Quebrei. Ninguém se importava com o cê memo,
o retanguim virou infinitas figuras geométricas minuscúlas
pelo chão... minúsculas e perigosas particulas
mas tinha agora uma porta   escancarada,
aliás porta não, uma parede totalmente aberta.

Visitei o cê memo na sua própria casa,
e que universo  imensamente rico, à parte, às escondidas,
mantinha o cê memo só para ele.

Nem pensava em voltar.
Parecia-me um lugar ideal para se fazer qualquer coisa.

Sempre o dia passa,
Uma parte de nós fica esperando
acabei desejando voltar.

Mas não tinha como fazê-lo...
porque para ir na casa do cê memo,
bastou quebrar o espeio,
para voltar precisa refazer o retanguim....

a terceira pessoa

 Não sou a terceira pessoa de mim mesma,

ela, aquela, que não me assume.

faço o que  faço, ainda que faça a esmo,

faço de acordo com meu próprio lume.


Falo pouco de você

 parece que nem te conheço,

mas me conheço melhor,

 sei do que padeço.


Nem sei se me conheces, também

me pareço tão estranha até mim mesma,

mas sempre separo o mal do bem

tenho tino das dúvida  e certeza.


quanto a você, sei do meu amor,

só dele e nada mais, sequer sei me amas

saber mesmo disto, não serei capaz.

 se me quiser sabe que estou um pouco na frente,

ou pouco atras... talvez um dia lado a lado.

ou de lado e nada mais.







O riozinho da minha vida


 Aprendi amar a água,

com um riozinho fio dágua
que do morro descambava.
Serpenteando os matagais,
em sombras cantarolava
aos abraços e beijos,
dos braços que o carregava.

O riozinho pelo meu  colo,
grande amor eu tinha à água
uma voz  que me falava,
que o riozinho era das lágrimas,
que meus olhos, 
pelo chão derrubavam
enquanto eu por lá passava.

na  infância de meus primeiros passos,
é   o encanto da vida e da água,
que  rega  meus dias de menina
é o engenho que move os  sonhos
que pela estrada eu faço
enquanto sonhos eu tinha.

Depois vieram as nuvens
algumas negras outras azuis...
parecem leves, outras pesadas de águas,
lentas e breves.

e formaram cachoeira,
belas e ocultas, em leitos de pedras
diamantes ou brutas...
seduziram... os lagos mortos,
que espelham as almas
suas janelas abertas
ao sol da minhas palmas
apontaram o caminho para mar.

Hoje abraço o mar
e toda vida que ele abriga,
porque sei que  sua alma de água
é o riozinho da minha vida.

 

cada ida, uma volta, completa....

Filosofia barata,
de facil aquisição,
não é de buteco,
nem de caminhão.

pode levar fiado,
confio na coragem,
nas idas e voltas da vida,
existe muita miragem.

Mire esta então,
que representa uma mente em movimento,
é mais que vulcão,
em pleno  lavamento.


A mulher,  buraco, ultero,
braço peito,
e chão,
nunca deixa de dar o fruto,
que nasce   do  coração.


Mulher nunca desista,
a força da vida lhe  ampara
se no momento aflita,
amanha alegria rara...


siga em frente,
 como um rio a cantorolar
a água que leva,
nunca  há de te faltar...

Jardim

 

jardim

No jardim da vida
não há amargor
sempre que o amor o visita
lá deixa uma flor...

O amor é um bem
nem importa se vai ou se vem
quem quiser
sempre pode amar alguém...

Nota da autora ...as traduções


 A proposta deste blog de "poemas sem fronteiras" é justamente

o que tenho tentado fazer. Nada tem sido facil. Mas tenho tido uma breve recompensa. O blog tem estado ao alcance da mão de todos.

Esta última tradução foi bem dificil. Terminarei em breve, com a escrita arabe e  as correções que conseguir fazer. O poema está escrito de modo que possa ser traduzido para a lingua árabe... e também contem nele um modo respeitoso, sobre o amor, que pode ser traduzido para qualquer idioma do mundo e com quaisquer costumes sociais dos povos.

"As-salam alaykom" hibat allah, Dádiva de Deus Arabe portugues....meio coloquial

 Em um lugarejo, fi qaryata,

em torno da cidade grande hawl almadinat alkabira

nós moramos. kilana yaeishu.

Nós vivemos. nahn naeishu.


 Acima de nós fawqana

 Um céu que acende  alsama' alati tudi'

Milhões de estrelas malayin alnujum,

enquanto nós olhamos. baynama nanzuru.

enquanto nos temos.  baynama ladayna dhalika.


Nesta terra de sonho fi 'ard al'ahlam 

Muito longe e muito perto de tudo  

baeid jdan waqarib jdan min kuli shay'

Tem uma lua. Um esfera de luz  fiha qumaru. majal min aldaw'

que seu amor  revela. aladhi yakshifuh hubka.


Não é apenas uma poesia. 'iinah lays mujarad shaeari.

ou um sol que a noite acende 'aw shams tudiy fi allayl .

É o amor que nossa alma encontra alhubu aladhi tajiduh alruwh 

desde que nos conhecemos. mundh altaqayna.


À vida dá um novo brilho  amnah alhayat bryqan jdydan.

Nada por isto fizemos. lam nafeal shayyan lihadha.

Dádiva de Deus hibat allah,

ao filho concedida  minh lilabn

desde que nascemos. mundh wiladtina.






No retanguim o Çê memo uai, boba!

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