quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Meu personagem é criança... conto Maria Melo

Quanto anos você teria hoje, se tivesse 7 anos de idade...
Que tal voltar no tempo por alguns segundos
e recuperar alguma boa lembrança, ou esperança,
alguma boa descoberta, alguma boa trama...
de felicidade que só existe em sua criança.

Era a festa de aniversário dela.
Seus pais, parentes, amigos, vizinhos
e colegas da escola...
Muitos presentes e
muita animação.

Ela sempre a mais linda, encanta os olhos de todos
a primeira vista.
Aquela beleza quietinha que preenchia todos os espaços
de todos os olhares que nela vinham.

Na hora de cortar o bolo procurou entre todos
dois convidados especiais e não os encontrou.
Entristeceu, mas antes de experimentar o bolo,
uma de suas amigas de escola fuchicou baixinho
nos ouvidos algo:

Ela se desculpou e as duas sairam correndo
em direção ao jardim, foram para a casa de bonecas.

Lá encontrou seus convidados sumidos:
O menino e a menina, trocavam beijinhos na face,
na testa, no pescoço... nada mais ela viu
nem sequer presumiu, disse: quero que saiam
da minha casa de bonecas e venham comigo
agora, para minha festa.

É tarde demais, disseram eles. Vamos fazer
o que viemos fazer. Ela insistiu, nervosa:
Vocês não vão estragar minha festa,
minha vida, não passarei vergonha
na frente de meus familiares, amigos, parentes e vizinhos.

Vamos fazer o que vamos fazer, você sabe o quê... e concordou.
Disseram eles insistemente.

Não quero mais que façam isto, eu os proibo. Mudei de idéia.
Ela tremia e começou a choramingar... depois chorar, soluçar,
e se descabelar, de nada adiantou...
Ela gritou: Saiam da minha casa de bonecas.

eles sairam e foram caminhando rapaidamente para o lago.
enconberto pelas árvores que formam o bosque próximo à casa,
parece um lugar tranquilo
para se fazer qualquer coisa.
principalmente uma coisa tão impossível.

Ela os chamou em vão... sumiram entre as árvores.
As duas voltaram para o salão, ela estava aos prantos.
Os olhos e o nariz vermelhos, os cabelos
desalinhados, a boca trêmula.

A mãe, as tias, o pai e todo mundo queria
saber o que aconteceu... como ela não parava de chorar,
a levaram para o quarto,
trouxeram-lhe todos os presentes
nada lhe agradava.

A amiga explicou que ela havia brigado
com a colega de sala de aula e que
a mesma colega havia ido para o lago...

Assim a pedido da mãe dela a tia foi também
para o lago... buscar a convidada da sala,
que não estava acompanhada de seus pais..

A tia não teve dúvida, apareceu de repente
bem no meio dos beijinhos, na testa, nas faces,
no pescoço, nada mais a tia viu.

Quero que voltem comigo, a aniversariante
está desolada e só volta para a festa,
quando vocês chegaram.

Os dois meio a contra vontade voltaram
com a tia da menina....


A tia foi ao quarto e disse peguei os dois
numa brincadeira, assim inocente,
creio que este deve ser o motivo da choradeira.
Se arrume de novo, enxugue os olhos,
e tudo mais e volte para a festa,
fazer as pazes com seus amiguinhos.

Ela voltou e sorriu para eles... certa de que
a tia os havia interrompido:
Eles disseram ao sorriso e olhar dela:
Tarde demais já conseguimos!
Ela desabou a chorar novamente e desta vez
a festa acabou mesmo para ela.

Os convidados ocupados engoliam muito docinhos
e refrigerantes e davam muitas gargalhadas,
não havia nenhuma razão para qualquer desespero
qualquer reação àquele tão imenso e inutil pranto.

Quantos dias de paz e de sossego
e quanto tempo real a separaria de um futuro
completamente desconhecido.


A autora: este meu personagem novo é novo, quero dizer
infantil mas eu o conheço mesmo antes de ele ser criado.
"Mundo de Jung" diria que ele é uma nuvenzinha colorida,
que nunca se afasta do sol, de fato me apeguei a este personagem
muito antes que ele me contasse a primeira estória,
ou história... mesmo que fosse mudo
apegado ficaria pela imensa luz de seus olhos,
que muito mais que qualquer palavra diz... tudo,
e se me olha com tal amor, olhará assim, também
para seu leitor.

Mas a aniversariante ficou angustiada quando
percebeu que a autora não sabia nada.
era ainda uma personagem em branco, em sua página.

A autora questionou: Por que chora tanto, bela,
se nunca a vi chorar, nem nas suas horas febre,
ou temores noturnos... em nenhuma dúvida de seus
mágicos dias a vi entristecida... porque
agora este inutil pranto incontido,
nesta manhã de sua linda vida.

A história:

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