domingo, 10 de janeiro de 2010

Não gosto apenas de arte



Gosto do ofício das mãos e da mente,
que tece o dia e a obra no espaço e tempo.
Gosto do trabalho do corpo,
da forma e do movimento.

Eis por fim a cadeira, um gesto único,
duradouro, ao lado da mesa,
eis o homem, sua caneta, sua força
bruta, domada e amorosa, sem destreza.

Eis o palco da vida onde ele atua,
A alegria dos pequenos filhos,
alimento,  pão e espírito, sol do dia,
e chuva que fertiliza o estribilho.

O trabalho, oficio, propriedade
do indivíduo em si mesmo,
do si mesmo em sociedade,
que transforma a paisagem,

Eis este pássaro das copas da natureza,
com seu canto de corpo e alma,
atolado, tantas vezes, nas prófundezas
de um silêncio sem igual do carma.

Eis o seu trabalho, seu canto,
sua obra, tecido de histórias e dores,
fincado, mastro, alem do tempo,
outdoor dos versos de amor.

Eis meu trabalhador, mudo, como rocha,
sincero como o espelho,
quente e claro, feito tocha,
de ferro derretido, vivo e vermelho.

Ei-lo...  amálgama de qualquer civilização,
que junta o concreto da mente,
de outras mentes, a outras mentes,
em gesto de simples: momvimento de mão.

Não é apenas da arte que gosto,
mas do trabalhador assiduo e sem promessa,
que de passo em passo, de verso em verso,
a teia da vida no tempo tece.

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