Entre os dedos o carretel
Po legar legado indicador.
O carretel é uma coisa clara,
seu furo não tem escuro
tudo se vê de qualquer lado,
o fio tem saída e tem entrada.
No carretel está tudo ordenado:
a linha não dá nó
e se enrola e desenrola só.
Não tem mistério seu estado.
Mas o fio este sim
tem um obscuro passado.
Feito de água dentro
de uma vida plantada.
E água meu Deus
que vida líquida, vaporosa e solidificada
percorre caminhos jamais imaginados...
entra pelo linho da linha sagrada,
e sai a se bestiar entre os lodados.
sobe ao céu sem asas para voar
pernas para escalar,
combina com o ferro e o coração solda
se aprisiona num labirinto de sonhos e molda
emoldura finas artérias,
de elaboradíssima matéria,
feita da graça da terra.
e um dia nos campos a água floresce,
em flores brancas que brancas mãos
das remotas mulheres tecem,
da flores do algodão...e a linha surge,
parece nova, costura as vestes,
dos animais mais pobres...
que pela terra cresce...
porque nascem nús não trazem pelos
como vestes.
o carretel imita a vida,
não tem vida passada,
a linha bem definida,
tem uma vida enrolada.
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