quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Carretel da vida

Entre os dedos o carretel
Po legar legado indicador.

O carretel é uma coisa clara,
seu furo não tem escuro
tudo se vê de qualquer lado,
o fio tem saída e tem entrada.

No carretel está tudo ordenado:
a linha  não dá nó
e se enrola e desenrola só.
Não tem mistério seu estado.

Mas o fio  este sim
tem um obscuro passado.
Feito de água dentro
de uma vida plantada.

E água meu Deus
que vida líquida, vaporosa e solidificada
percorre caminhos jamais imaginados...

entra pelo linho da linha sagrada,
e sai a  se bestiar entre os lodados.

sobe ao céu sem   asas para voar
pernas para escalar,

combina com o ferro e  o coração solda
se aprisiona num labirinto de sonhos e molda

emoldura  finas artérias,
de elaboradíssima matéria,
feita da graça da terra.

e um dia nos campos a água floresce,
em flores brancas que brancas mãos
das remotas mulheres tecem,
da flores do algodão...e a linha surge,
parece nova, costura as vestes,
dos animais mais pobres...
que pela terra cresce...
porque nascem nús não trazem pelos
como vestes.

o carretel imita a vida,
não tem vida passada,
a linha bem definida,
tem uma vida enrolada.

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