Alguma coisa sempre foge
da alma do anjo quando ele toca o seu clarim.
Assim como de mim.
O céu. A morada dos Deuses, de Deus,
a esperança de uma vida que não se acabe
pelas torturas de ser mal vivida,
de ser mal amada. De ser mal existida
e também de ser mal governada.
A fé no perfeito, na bondade, na justiça
Enquanto se espera o céu
para se conquistar isto...
a terra com suas garras cheias de calo,
de agulhas, tesouras e fios do algodoal
não se cansa de tecer a vida da carne...
a vida sagrada,
a dolorida vida do animal.
O céu com sua beleza azul,
com nuvens brancas, cinzas, negras,
com estrelas douradas, brancas, amarelas, vermelhas.
de todas elas
apenas uma o dia revela...
as outras ocultam
o vulto da noite....
alguma coisa foge da alma do anjo nestas horas,
às vezes a terra chora, dentre os filhos
o homem é o maior mistério...
porque é tecido das rochas, ao mesmo tempo do etereo...
Diz a terra:
-Se pudesse te abraçar melhor...
Te abraço. Posso. Te refaço,
do meu peito, do meu braço.
Tua cor quente e vermelha se assemelha ao sol.
Todos os templos do mundo...
as fotos... só conheço alguns.. aqui por perto...
Todos tem nuvens brancas no azul sincero do céu,
todos tem criaturas aladas...
Oh desejo... porque o homem bom e elevado
tem que ter asas...
Diz a terra... afundei-me em prantos
para te construir uma casa....
porque tua bondade tem que esperar asas?
Acaso
não vês que eu a terra sou nascida e criada
em pleno céu?
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