A borboleta fez um voo turbulento
pousa na mão que se estende
para fora da janela
experimenta o tempo, nela.
Balança as asas ofegantes
e cai para o lado, feito um barco tombado
pelas ondas do mar.
A borboleta ferida, envelhecida
não aguenta as asas.
A mão titubeia, agora cheia pesada
porta a vida da borboleta,
mas a mão trabalha:
tem que lavar a cara, pentear os cabelos
coçar as orelhas.
A mão não tem tempo
tem que contar o dinheiro para
prestar contas
do dia vivido, aliás ainda por viver.
Além do mais a mão é funcionária,
da outra mão, do coração, do cérebro, das pernas,
mão é membro mafioso do corpo,
é escravo sem alforria da vida.
(uma filosofia que a consola)
por não poder parar, antes de morta.
A mão diz para a borboleta:
-Não posso confabular sua morte,
nem ser testemunha da sua má sorte...
não há por aqui nem uma só samambaia para seu pouso
e que lhe sirva de repouso...
O que faço agora com esta borboleta velha?
Já sei: Vou colocá-la sobre as telhas,
telhas são de terra, e estão bem frescas
pois ficam embaixo de outras telhas.
Assim a mão com a borboleta foi até o telhado,
e a borboleta sentiu o abandono e o leito frio.
a mão se retirou para os seus afazeres,
Num instante um canto de sabiá se ouviu...
um sabiá a lazer, alheio a drama,
sobre o telhado... um vazio amargo
escondido dentro das penas,
surgia... A borboleta cinzenta,
um inseto apenas desaparecia.
terça-feira, 14 de maio de 2013
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