quarta-feira, 30 de abril de 2025

Escada pro céu

 Na realidade,

a noite estava chuvosa e fria,

escura de tal modo que nada se via.


Restou dormir mais cedo.

De repente, me vi  sozinha, numa estação,

um trem gigante e muito barulhento chegando....

escancarou todas as portas...

O trem lotado de gente, fazendo a maior algazarra

gritava: Vamos, Maria, entre no trem

vamos pra escadaria do céu, lá na china.


Resistia... mas um coro dizia: venha Maria, venha.

Não fui. Fui levada. Afinal é um lugar turistico,

muito famoso a tal escada do céu.


Todos subia. Uma vista magnifica, meus olhos não conhecia

o céu daquele dia, ou noite, não sei. Mas tudo estava muito

claro, muito azul, muito suave. Muito leve, todos ria.


Mas desconfiei: OLhei para um chinês, povo

que sabe muitas coisas, principalmente as ocultas,

 e perguntei: Estamos mortos.... Ele gargalhou

como só  se gargalha em sonho e disse... bem alto,

EU NÃO SEI. Alguem sabe... 


Olhei para o imenso azul do  céu sem fim,

que lindo. Era o maior azul que já vi.

mas sem mais nem menos vieram nuvens,

e um grande rio flutuando nelas.... tinha até peixes...

Meu Deus...que imensa passarela de águas...


da Escada do céu, desejei cruzar para as nuvens,

com o rio e os peixes... mas tudo foi tomado

por aranhas voadoras e suas gigantescas teias.


Tenho horror a aranhas e teias,

não tinha passagem. Tudo teado.

voltei para a escada, que rumava para o céu.


Decidi voltar. Me Deu imensa saudade da terra,

lembro me que lá na terra tem muitas nuvens,

e muita chuva, e um rio de água no céu...

com relâmpagos e trovoes que uivam...

a noite toda mas a gente dorme.


assim disparei escadaria a baixo,

no meio do povo que subia...


Eles... Ôh Maria, está com medo

de subir a escada do céu... Ouvi.

e disse... Não, só saudades da terra..

olhei meu relogio e falei meu dia começa as 5 horas da manhâ.

Volto outra hora. Bom passeio.




no céu

No céu  a linha branca se estende

como rastro de fumaça de avião.

a bailarina, dança, um pé na linha outro no chão...

Ela tem medo de altura,

nunca viu lá embaixo nem lá em cima,

ela dança um pé na linha outro no chão

afinal é bailarina, de sombrinha e coração.


na terra é criança, não dá conta do tempo,

a música toca a alma avança,

rumo ao movimento,

ela se entrega ao seu momento.


quem olha aplaude, 

com suspiro na ponta da lingua,

se cai a bailarina, a vida para

a vida morre, a vida mingua.


Ela, entretanto não se sabe que morre,

cada vez mais corre,

gosta do vento que a leva,

gosta do amor que nela mora.


E se o amor não viesse,

a bailarina, na linha não voasse,

para que serviria toda a vida dela,

se assim por amor não dançasse...


deixe que voe, deixe que dance

até que  encontre seu infinito,

e abra a  porta do céu,

e seu amor, ela alcance.












o verso

 É genuino e diminuto

Tem sangue, tem pulso
pouco se alarga na direção
dos palacetes avulsos.

O verso tem dia tem noite
tem histórias iguais as de todos
o verso também tem estrelas
mergulhadas no seu lodo.

Tem fábulas desconhecidas,
nunca serão lavradas,
são puras como a vida,
em novas caminhadas.

O verso é bravo,
o verso luta
bandeia, escolta a alma
vence a labuta.

O  verso tem coração
trabalha incansavelmente,
o verso em ação
labora caminhos a frente.

O verso tem raizes,
floresce, frutifica, assombra,
o verso ampara a fraqueza
o proprio ombro.

O verso  não canta o devido,
nem encanta o certo,
o verso tem o toque
da flor no deserto

situação

 meia furada,

sola gasta,
pés cansados
e basta.

poema das mulheres

 Vós mesmo criastes meu ser imperfeito

peregrino e humilhado.
Tendes consciência  que sou frágil, fraco,
que estou a remar porque vós
me atirastes num mar bravio
e me destes como remo a vida

Percebeis que não sei o caminho
Agarro-me aos vossos pés
com inveja do vosso saber
da vossa sabedoria

Dizei-me vós o que é a vida
se não a decadência da carne e do espírito...
,
Dizei-me  o que é o amor
se tantas mães abandonam seus filhos no orfanato
e seus pais nos asilos...

Teriam elas a vós
não dado ouvido...
e vós a elas não dado abrigo!!!!!

Falo a vós,
do coração das marias, das naires e todas as mulheres,
que geram para a vida os filhos
que a vida quer...

E vos peço, vos rogo,
com o coração em prece
que vós abraceis a raça humana,
como filho e ilumineis nossa mãe terra
e ações humanas  desta era.

meu rapaz

 Não diminua os  lado

Não há bipolaridade.

tem sempre o lado de cima e o de baixo
 tem o descoberto e o embaixo.
Tem o direito e o esquerdo,
o lado extremo de cada um.
Tem o lado de dentro e o de fora,
o  lado inverso de ambos os lados.
tem o lado do centro.

Tem o lado de trás
e o  lado da frente,
o lado oculto e o lado claro,

e tudo e todos ainda tem um lado a mais!


Tem o lado inferior e o lado superior,
tem o lado visivel e o lado suposto,
tem o lado a lado e o lado oposto.

amor estranho

 estranho amor

chegou em casa de manhã
passou pelo corredor da sala,
olhou a cama embolada de cobertores
no meio um radio:
- Dormiste com o radio
outra vez... perguntou indignado.
-Dormi. Respondeu ela.
Dormi com o radio,
sonhando com o radialista!

escrever

 Escrever é bem dificil...

porque cada vez que se escreve
tem-se que explorar ainda que de leve
as proximidades que nos cercam
ou usar recursos de bons ouvidos
para capturar ruidos
que se fazem aos escondidos
longe dos que observam.
Não se escreve nada
se não aquilo que se observa
ou aquilo que se vive...aquilo que se imagina
a imaginação é terra forte de ´puro chão!!!
de repente a vida dos outros
oferece substrato
parece mais gorda ou mais magra
mas diferente daquela
que a gente tem no prato.
Penso que tudo é culpa de Jung e Freud
que meteu luz e abriu portas
mas ainda hoje se escancara cada vez
mais portas e com luz cada vez mais forte
põe-se tudo às claras.
E quando a gente vê uma pessoa
carregando uma enorme carga
Não se importe, não é burro
a pessoa tem vontade larga
e carrega o que quer o que gosta.
Se for um burro pode se chamar
o instituto de proteção aos animais.

abraço íntimo

 Toda mulher tem o abraço mais íntimo

que toda criatura viva conhece
é seu abraço intrauterino
e o desapego que a vagina oferece.

meu cabelo

 Este cabelo que surge na minha cabeça

é meu mesmo...
simples ou complexo
meu cabelo perplexo
é um presente de "DEUS'
Arrumo o aprumo o
rumo o ao sol ao mar ao vento
é claro,
junto de brinde
também o pensamento.
Mas que coisa...
se todos tem cabelo
se todos pensam
por que se espantam
quando estou descabelada
tanto de cabelo quanto de pente?

dia especial

 o que está fazendo aqui a esta hora da manhã!!!!

Nada... Nada...
todo dia faço caminhada.
Veio caminhando!!!!
Todo dia vem caminhando!!!!
sim...
Hoje também!!!!
Não, sua tonta, hoje vim voando!!!!!

Fragil

 Fragil

o brilho da lua na madrugada quase clara,
as estrelas fogem
o sol não vem,
uma escura  nuvem,
a voar também.




Fragil seus olhos,
entra nos meus
como um doce lember de línguas, a
beber a água,
que deles suave mima.


Fragil seus sonhos me surgem
entre o azul das nuvens..


e vem chegando trazendo
o dia com seu imensurável
universo de fantasia.

modernidade

 

coisa moderna

A mãe linda, quase modelo.
O filho lindo. Um modelo de criança.
sentada no braço direito da mãe
que estava sentada numa cadeira no shopping.

a mãe tinha um belo celular, moderníssimo
sobre a mesa bisbilhotava os faces alheios.
Isto é normal e não é feio.

A criança de um ano metia a mão no precioso celular
ela a afastava dele... por fim
ela sacou um belo chocolate com mão direita
e o desembrulhou com a mãe esquerda

Começou a comer o delicioso chocolate,
enquanto ela segurava o chocolate com a mão direita
entre o intervalo de uma bocada e outra,
o bebe abria a boca e tentava morder o choco dela...

ela afastava o chocõ dele...

tantas vezes se repetiu que ela pegou o papel do chocolate
que estava sobre a mesa e o deu para a criança...
a pobrezinha muito alegre  examinou bem o papel colorido
e o abocanhou...

com o  papel enfiado na boca olhou atentamente para a mamãe
que mastigava com muito gosto seu delicioso chocolate...

o bebê fez uma careta e cuspiu o papel...
depois ainda um pouco mais examinou
aquilo que a mãe comia com tanto gosto...

Ela não percebeu nada,
brincava com o seu celular na mesa.

laços

 No ouvido a voz da madrugada fria e chuvosa.

Meus sonhos no escuro desordenam o quarto
e você no espelho cristalino das águas
se move na claridade da lua no mato.

à Luz do tempo seus olhos são cinza pláscido
preso num leve abraço meu  coração a laço
com a corda  moinho de vento do seu passo...
em estado de graça no seu  amor me acho.

Por longos instantes  seus braços em envolvem
o seu calor me acende a luz estrela e musa
somos dois estranhos, mutuamente se adoram!

O mar ícone divino da lama abismo
junta nossos corpos muito além das cinzas
e nos transforma em sonhos, versos e brisa!

Paraná - dádiva das águas

 Com Sal e com água o meu  Paraná começa:

Oceano atlântico. Céu ensolarado. Leste
Sol nascente brilhante a  luz na terra silvestre
Verso  prosa de aqualuz  de cântico e prece.

A antiga Cananeia de Guaraqueçaba
separada por um fino cordão da chuva
 raio de sol no mar, deitado,  brilhante púrpura
Ilha do Mel e  Superagui  a gente pássaro

No porto paira  a Paranaguá segura!

O Paraná: Flora, fauna, água e terra,
A graciosa montanha  que ao sol se eleva...
de Porto seguro trigo e pão traz e leva
Daqui tudo de melhor sobe e desce a serra.

A linha  do trem. trilha das tropas do sul
da realeza, dos animais, do peonado
Dom Pedro de Portugal mestre visionário
Transmutou suas moedas de ouro relicario

duradouros fios de ferro e  cortes  de pau
 fez de seus  passos um gigante itinerário
por onde correu  ainda corre toda riqueza
de um povo ao outro vice versa veloz nau.

Irmãos de sangue,
Europeus, latinos americanos,
indiasiáticos
árabes e nilo africanos...
O Paraná tem braços fortes, tetas sagradas...e grandes
as mães que se cria aqui...
"Os filhos amamentamos"

Dos planos altos, basalticos
muito além do mar, as águas de cristalinas fontes
Curitiba Araucaria, Londrina, Cascavel
e tantas outras no mesmo horizonte
Pinha Pinhão riqueza café com pão
da terra natal paraônica de beleza rara e sinfônica.

Escarpas rios e vales
flora fauna terras e mares
vai o Paraná fronte nos ares
um povo, uma gente dos melhores pares.

De braços abertos, direito ao leste
olhando o norte o fruto cresce
segue o Paraná leste a oeste
Norte e sul, sob a cruz celeste.

Rumo oeste do sol poente, poeta
a água doce na lingua da gente
planos, planaltos, escarpas,
o sobe e desce  das verdes terras,
Escarpas e leitos e relva
mares de arenitos explícitos de outras eras...
cidades e livros relevos abertos
de estórias antigas e povos secretos...
O Paraná é um castelo cheio de assombrosa  beleza agreste.

Imperio e realeza,
desta tão nobre mãe, seio  da natureza
que não se tem noticias
de outras iguais em tão longiquas redondezas.

Cidades e vales do velho oeste
Antigo e real império de Guayrá
Seu povo não perde o sangue na terra
debruça-o semeia-o no vale dos sonhos,
e ver crescer os filhos libertos.

Das más visões que ainda trazem consigo
do velho mundo em guerra e seus maus designios.

Velha Guayra o mesmo rio
fantástico berço de desbravadores os nobres filhos,
Santos Dumont e outros comuns e  iguais
que seguiram ouviram o mesmo estribilho
dos gigantescos e doces cânticos
Dos Aguais do Paraná!

Soberana gente que deitou sua tenda
em preces e prantos,
se mereceu a paz, fez para tanto!
E ainda é hoje do mundo o maior espanto.

O grande agual doce das veias deste chão e povo
jorra hoje em grande abundância
depois de muitos séculos de vigilância

Sobre as pedras brutas brotam
as cascatas vultas
do mais fino diamante do mundo

Jorram jazidos valiosíssimos nossos
de água doce em pérolas
diamante líquido crateras e poços
que por esta nossa  terra imperam.

Não se colhe, não se planta, não se leva, não se rouba,
não é fruto dos lavrados campos,
não se mede nem se lucra em arroubas,

não são  das quimeras humanas, estas águas
estes campos únicos de cântico místico,
estas úmidas serenatas de Mosart consagra...
a voz de rio imaginário mundo artístico.

A água em sua eterna primavera
a dádiva que fomenta o rio, o trigo,
balança o berço, aquece a mão,
do filho que sempre traz consigo.

Cataratas do Rio Iguaçu
a alegria do povo o riso a voz
a gargalhada do Indiguaçu
expressa jorra sempre água da foz.

pé vermeio do Parana

 De onde vem a poesia,

e qual roupa ela usa todo dia...
para o clima daqui, que varia.

Vem do Norte todo e  da Londrina em que nascia.
Milharais, cafezais, arrozais, bananais, laranjais
e alimentais todo dia.
O verbo da voz, em vós,
o soberano criador do plano para nós...
de viver com o pé no chão,
da terra quente e vermelha e sentir no corpo o pó grudente
em alvoroço, do ar em movimento,
do vento gostoso do cair da tarde.

Vale me Deus... vale saudade,
da infância que me persegue em forma de verso,
não quis ser poeta, rasguei e queimei todo adverso
do meu inverso dia...

Mas o poema me persegue
A alegria de ser uma coisa viva da terra,
de meter a semente no chão,
meter a lua nos olhos e ver claro meu sertão.

Do Norte, o cheiro do pão com cheiro de trigo
saindo do forno, feito de barro com cheiro de chão.

na boca da gente, na lingua e na mão,
o menino lambe, o pão e os dedos...
os olhos brilham naquela fartura,
nas laranjas amarelas feito ouro,
no indescritível dos primeiros sabores
que cativam a criatura.


Sou criada, escrava de rasgar a terra,
remexer o chão, costurar as pedras
e os arvoredos com a claridade da lua cheia,
entre as nesgas negras do sertão.


Meu pé de chão, meu pé de céu,
meu norte que sorte este mar de dos frutos todos conhecidos,
pelo cheiro, pela lingua, pela pele, pelos olhos
pelas fortes mãos do povo mais simples,
que corria dia inteiro pelas eiras,
pelando os galhos, dos verdes cafezais,
colhendo o fruto vermelho.
Depois rastelar o chão,
por tudo no balaio, os ombros carregados
dos fruto vermelho
dos cafezais.

Fruto sanguineo... sangrava a mãos,
e a pele do homem se misturava com a pele verde e fina
dos cafezais de Londrina.
O norte do Paraná,
"o pé vermeio, esteio deste chão,
fez deste povo, vindo de outro sertão,
Dante flores brancas perfumadas,
depois Os pé vermeio e mais nada.

Povo verde, filho dos cafezais
do norte do Paraná
 correu o mundo na lingua o gozo de saborear...
um cafezinho que vem lá daquele lugar.
são os pé vermeiodo Paraná
se orgulham deste  tão rico chão cultivar.

terça-feira, 29 de abril de 2025

Vem do mar

 Manhã cedinho.

Vem do mar aquele ar 
de novidade que farejo.
Os raios de sol
que o corpo deseja.
Vem do mar o gosto do abraço
de quem me beija....

A cidade suave e quente
abre uma nave na minha mente,
Fui mesmo te buscar...
e te trouxe comigo,
em forma de brisa...
em forma de céu aberto,
de estrelas pungentes
e pingentes
na máscara da noite,
do dia da minha vida.


Ficastes escondido, guardado,
andastes lado a lado
no passo passado, 
vejo tuas marcas,

Sinto teu cheiro,
paro e seguramente te vejo,
tão perto que só mesmo
o nada nos separa!

E não importa qualquer dor,
a brisa da tua existência me cura.

coração

  Quem bate... Uma voz  lá dentro responde: é o coração!