Deixou seu pai e os mendigos no vale,
e todos os problemas também...
Subiu a montanha, foi até o lago,
procurar sua amada, que ele havia enterrado
nas águas. Não havia ninguém.
Loucura ou sonho! Sentou-se na mesma pedra
e olhou o lago no grande dia de sol,
sereno, abundante, misterioso!
Nem um único traço de sua história.
A única lembrança era uma imensa
dor no coração. Uma confusão de saudade
e tristeza, misturada com a necessidade
da vida e da morte... contra as quais
ninguem tem defesa.
Será que o Príncipe é um psicopata?
Um romeu moderno e violento,
que não espera seu amor,
morrer naturalmente?
Nada disso:
Explicando a idéia, os fatos, os atos:
Durante o período em que o Rei e seus
soldados ficaram em suposta guerra...
Os velhos da aldeia ensinaram o menino
príncipe a guardar seus tesouros no fundo do lago.
Seus "meios de sobrevivência e de seu reino
eram guardados dentro do lago e
lacrados com pedras...
portanto a quase princesa conhecia muito bem
o lago e o Príncipe, também.
E tudo que havia nele.
Ela deveria ter ficado lá a noite toda
o dia todo e quanto tempo fosse necessário
Esperaria, viveria dentro do lago,noite e dia
até os soldados inimigos se retirarem.
Amarrar coisas de valor nas pedras,
era parte do trabalho do principe,
trabalho secreto e a quase princesa
conhecia a rotina sagrada da existencia
daquele lago.
Mesmo assim, ela desapareceu!
Não havia como se conformar.
O Principe examinou tudo a sua volta
e em volta do lago. Nem um sinal.
Ele então imaginou que tinha sido roubado
muito sutilmente.
Talves alguem soubesse de suas riquezas
enterradas lá... talvez ele tivesse
sido roubado...
Tomou a decisão de voltar para o vale.
Voltou meio sonâmbulo, meio paranóico,
queria contar tudo para seu pai,
mas seu pai era um estranho homem.
Que ele não conhecia mais.
Todo alvoroço e confusão
da chegada daquele pavoroso exército
trouxe à aldeia um aspecto muito
sobrenatural, principalmente
para o principe...
que tinha um grande enigma para solucionar.
Ele não hesitou, vendo aqueles mendigos todos,
Abraçou seu pai, superficialmente
destituído de sentimento, e disse:
Quero todos estes homens lá em cima da montanha
quero desmontar o lago. Desfazê-lo, recriá-lo.
Quero matar o lago.
Secá-lo e iluminá-com a luz do sol
e com a luz dos meus olhos
e com a luz dos olhos de todos.
E já que você voltou, também
tenho que lhe entregar tudo que representa
a riqueza deste reino,
riqueza de seus súditos
que o esperaram, que o honraram
com o pouco que conseguiram na sua ausência.
Nossas riquezas devem estar lá, dentro das águas.
O Rei confuso, mas quando se falou nas riquezas,
o Rei quase mendigo, entendeu que delas
iria precisar muito...
então ordenou aos seus soldados moribundos:
Atacar... em cima da montanha, no fundo do lago...
Temos provimento para recomeçar...
Rei sempre é Rei ainda que em decadência,
e se está vivo... seus súditos o servem
Logo, logo uma imensa multidão começou subir
a montanha, cantando, todos estavam
felizes... iriam encontrar lá o tesouro
do principe infeliz.
A idéia do Principe era desmontar o lago
encontrar vestígios de sua amada.
Ele nem sequer se importava
se houvesse ou não qualquer tesouro
lá afundado....
Nos próximos dias eu conto mais.
Se alguém me contar.