Sim, é a campainha!
Visita sobe, bate à porta,
Pessoa visitada abre a porta,
visitante entra.
Põe uma enorme mala no chão.
Pessoa visitada pensa:
Será que vai ficar uma semana,
um mês, um ano,
ou para sempre?
Não é a prima velha , nem mesmo bem conhecida
Não é totalmente estranha, nesta vida.
Na verdade é o esperado inesperado.
Pessoa visitada fica confusa,
pessoa visitante abusa.
Pessoa visitante ri muito,
com os olhos, as mãos, as pernas,
com os ouvidos que se deleitam
com o coração, que aos poucos se ajeita.
Pessoa visitada se apavora,
busca correndo um enorme prato de comprimido,
pessoa visitante pensa:
Quantas cervejas invisíveis
e geladas vou engolir
pra conseguir me levantar e sair.
Trocar as pernas, errar o passo
mas do meu caminho não fugir?
Pessoa visitante tem os olhos de Richard Gere,
e invade a alma visitada.
deixa clareira naquela escuridão
nunca antes iluminada.
Pessoa visitante diz:
"Te amo, te amo, te amo.
Com você fui imensamente feliz".
-Quando, onde, por que?
"quem me dera saber!
Pressinto, minto, adivinho,
nas borras do vinho"
escondidas naquele copo limpo.
Te amo, te amo, te amo,
nem que não amasse te diria, neste rápido dia,
nem que te desprezasse, te diria
nesta noite nossa, única e fria.
E o que sabe o mundo inteiro sobre
este amor, sobre este encontro
que trama sem piedade
a nossa alma em chama?
Na hora exata o relógio berra,
não erra nem um segundo,
dispensa palavras,
empurra o visitante para fora.
E o abraço aprisionado pelas paredes,
solta o laço
as almas voam, assim calmamente,
para longe uma da outra,
como se fossem para sempre, embora.
Mas rondam noite adentro,
madrugada afora,
e novamente a campainha grita,
desta vez muito mais desesperada.
Pessoa visitada assustada acorda
estará sua visitante outra vez
em sua porta?
Pois na sala pode,
no quarto nem morta!
Assim, repara em si mesmo,
na sua fragilidade torta,
levou consigo os sapatos para cama,
só para não ir só!
Disse não outro não ainda mais cruel,
por ser noite aguda e triste,
e saber que pessoa visitante ainda insiste,
e pessoa visitada resiste,
fecha porta, chaveia porta
e finge que dorme,
finge-se de morta.
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