quinta-feira, 3 de junho de 2010

A saracura e o menino


A saracura na beira do rio
O menino a espia-la por entre as ramagens,
queria pegá-la!
A saracura andava a passos lentos
procurando uma saída...
o menino se aproximava sorrateiramente,
E as águas do rio  vorazes às vezes famintas
às espreitas, turbulentas.

Pobre saracura não sabia voar
e ouvia o menino dizer baixinho quase para si mesmo:
"Não vai voar, não voa não, a sa a cura não sai do chão"
E ela apressada... seu estranho piado
queria mesmo era chamar a mãe,
chamar o pai...
é isso que todo filhote de passarinho
faz quando cai do ninho.

Piava cada vez mais veloz
e seus passos quase paradas.
Precisava voar... o menino continuava a caminhar
cada vez mais perto das águas,

Ele queria pegá-lo, as águas queriam pegá-lo.
Eram dois filhotes.
Ele o filhote de saracura,
tinha caído do ninho e o menino
escapado do caminho,

De repente ela a saracura voou e pousou
longe das margens o menino se virou
e dizia baixinho
não vai voar, não voa não,
sa a cura fica ai no chão.

Ela cantou e cantou até todos ouvirem
A mãe não conhece todos os perigos
que rondam a vida de seus filhos,
mas tem prece em todos os lugares
e aparece quando alguém precisa.

A saracura disse ao menino:
você me ensinou a voar
você me obrigou a cantar,
você me fez te amar...

e voou muito mais para perto dele.

As lembranças da infância quase selvagem,
digo quase porque os bichos me domesticaram.

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