sábado, 3 de julho de 2010
conversa das árvores
A árvore mais alta
e mais antiga da floresta
disse a outra tão velha
e tão antiga como esta:
Viu aquele pé de carne
que surgiu lá na aurora
rodopia com o vento,
tem sementes pelo ventre,
e cabeleiras em filamentos...
Cabeças brancas de cogmelo
em tons negros e cinzentos...
com dourado
pela força do pensamento...
sem raizes fixas e profundas
pela terra, erra com prazer atordoante,
abre crateras, alimenta feras,
e ri esfuziante!
Sim... vejo, pelos cipós
escalando copas,
pelas montanhas
escrevendo as notas,
esfomiadas de suas entranhas.
Pois é o filho homem destes desertos,
abençoado sonhador
das pedras e do carvão,
filho das nuvens que acalenta
as mães tristes deste sertão.
Pois é filha de toda imensidão,
com sua cantiga de ninar
e seu pimpolho pela mão,
a abrir caminhos com sua foice
cega e seus pés pelo chão.
Com o que será com sonha ele...
por este imensurável atoleiro!
Se as flores que ele cativa
as cultiva depois as destroi por inteiro.
Posso até perguntar,
quando seu vento bom por aqui passar,
e não pelar nem secar
meus troncos do mundo sustentar...
As velhas árvores se olham:
Nem tudo se pode pronunciar
quando alguém
descobre o direito de sonhar.
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