quarta-feira, 6 de abril de 2011

O código I

Juntaram-se  os dois,
um farrapo do tempo urbano,
outro farrapo da selva perdida,
como pai e filho,
de idades invertidas.

Rumo ao mato, ao mato grande,
a quiçassa do rio da lama,
se enfiaram pelas ramas distorcidas.

Aos cacos na solidão,
da ilusória selva esfarrapada,
a grande árvore intacta,
apesar no chão ainda plantada.

Tão longe da cidade o homem perdeu o rumo,
tão longe da natureza, perdeu a si mesmo.

Ficar lá, aos templos dos ramos e dos  cipós,
para rezar às  velhas e amareladas folhas
aos tortuosos caules e seus nós,
a noite toda, chorar quem sabe,
a falsidade de não se ter mais lágrimas
para formar mais lagos e nem mais lodos.

O grave vento murmurou ao louco,
o perigo da foice e do machado,
pois do advento, aos poucos,
já tinha a ele assobiado,

quando a noite caisse, o velho desdentado,
a cabeça no chão tombava,
nem via estrela em seu céu,
tão cansado o velho estava,

o novo urbano, com seus planos,
de tomar de volta o antigo castelo abandonado.
trazia consigo já o bolso vazio,
e o triste estômago domado.

E o machado, o machado, seu fiel
 amigo dos campos limpos e das árvores tombadas.

De árvore também era feito,
suas misteriosas cordas cantavam alegremente no peito,
quando sua velha casa despencava.

Mas hoje não era este o motivo da cantoria,
suas cordas rangiam,
por causa de uma outra secreta alegria.

O novo urbano tinha plano,
plano de reconquistar a terra,
de ser senhor  fulano ou cicrano
E Deus lhe Velava abertamente seus planos.

Era dia de suprema alegria,
o velho desdentado, o moço novo
da cidade conhecia.

E antes de tombar sua cabeça,
alguma coisa na boca e coração
lhe era profecia.

Eis o filho perdido, que o tempo feroz engolia,
mas a grande baleia
atenta o salvaria,

A baleia que nunca conheceu o mar,
se não nas profundezas e abismos,
ou nas redondezas dos vulcões e cismos.

Agora o devolve
e quem quer discutir com ela...
Mesmo porque a baleia voltou,
de um lugar onde muitos poucos iriam,
e nenhum jamais voltaria.
e muito menos trazer
de presente de lá
muitos papiros e códigos
que por aqui ninguém conhecia.

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