terça-feira, 18 de setembro de 2012

desabafo

Até que o ônibus era confortável e a paisagem admiravél...
porem o passageiro do lado era um porre.
Muito velho. Muito elegante. Muito mal humorado.
Virei para a Janela e não olhei para ele.

Ouvi  que resmungava sozinho mas não falava comigo.
Por fim esqueci o desconforto e a viagem prosseguiu alheia.

Mas num instante de distração  reparei nos seus pés ( sapatos)
Nossa! que belos sapatos, nunca tinha visto um assim,
neste momento ele viu que eu examinava os seus sapatos
e vaidoso

  criou coragem e perguntou:
- Não se lembra de mim?
- Olhei todos os traços do seu rosto... - Não. Devia?

Tá desculpada, disse ele. Porem eles não.
Todos os homens daqui deviam se lembrar...

Por que?  O senhor é político?
se for, melhor o senhor não ser lembrado....nem
reconhecido.

- Não,  fui um grande jogador de futebol de um time
bem famoso.  Falava alto. Os vizinhos de viagem
prestaram atenção.... ele continuou, falou o nome do time,

Ah, disse eu... entendo. Olheu para os seus olhos
apagados pelo tempo... ele levantou as pernas da calça
e mostrou as pernas, olhe minhas pernas...

Fininhas e peladas e fraquinhas... perderam os pelos
todos de tanto me bater com as pernas dos outros
jogadores tão famosos quando eu, e seus grandes
jogadas pelo Brasil afora.

Tudo foi festa, o primeiro tempo... mulheres belas,
dinheiro, amigos e outras coisas feias e perigosas,
que eu resisti... por que sempre fui uma pessoa moderada,
apesar de que no campo era o pé a bola e o gol.

Agora, no segundo tempo, dispensa-se a explicação,
mal consigo carregar minha mal.
E o Rio de Janeiro me  sufoca, me enoja.
Queria poder morar num lugar assim,
como o Paraná...

- Também temos problemas...!
 
- Esta serra do mar de você, paranaenses lava a alma
e os pecados de uma vida inteira. Queria morar aqui
em alguma parte destas montanhas e serras
e passar meu tempo de vida, longe daquela guerra.

O segundo tempo acabou comigo.
A gente não é nada... nem com todo orgulho do mundo...

Eu venci a mim mesmo,
supereu minhas expectivas mas o tempo me venceu


Ele puxou a campainha e desceu
fiquei com vontade de pedir um autógrafo mas não o fiz.







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coração

  Quem bate... Uma voz  lá dentro responde: é o coração!