sábado, 6 de setembro de 2025

pequena poetisa

 Aos 10

caminha para o bosque,

a borda do pequeno córrego

escrever com a ponta da faca

no tronco verde  das árvores,

o prólogo do monólogo

de seus pequenos poemas.

Dele o nome apenas,

o menino dos seus sonhos,

que ora, anda ausente,

até mesmo dos  sonhos.


De tronco em tronco ela escrevia,

mas ninguém lia.

De repente, os pequenos poemas

como aves também pequenas mas

de longas asas e longas penas,

Voariam por sobre a paisagem.

E se foram. Sumiram. 

Vieram os leitores, os primeiros,

atentos e astutos, liam  tudo,

Ali estava o nome do Dionisio,

a embriagues, o êxtase da uva e do vinho,

que se derramava pelo caminho.


Os primeiros leitores, malvadinhos,

vão fazer uma fofoca danada,

ao ve la assim embriagada,

escrevendo nos troncos verdes das árvores,

toda primavera que encontrou  pelo caminho.


A pequena poetisa,

famigerada e descabelada,

se prosta ao ver seu segredo desvelado.

Até os risos dos malvadinhos

lhe vem aos ouvidos...

melhor riso que choro. Tem mais decoro.


Os leitores malvadinhos se vão veloz.

Espalhando a novidade pelo caminho.

A pequena poetisa se arma de alarme,

porta uma faca grande afiada

E vai para o Bosque,

Sem piedade em sua alma, usa

a brilhante arma e raspa todos os

pequenas poemas do seu prólogo

monólogo para sempre dos troncos

verdes, das árvores que habitava

as vizinhanças do córrego.

E com leveza faz picadinho

das cascas dos troncos verdes das árvores,

e atira tudo na correnteza,

que  pra bem longe as leva.


E logo os rumores, os alaridos da multidão,

se enfileirava buscando informação.

Cadê dionisio, cadê sua cara, cadê 

sua foto? Cadê o êxtase de sua fala...


Sentada nas pedras do riacho,

Ela zomba, com seu riso amarelo,

Dionisio, ai quem me dera,

Nem a uva, quanto mais a primavera.


O tronco verde das árvores,

ferido, ainda sangra sua seiva.

O poema raspado das árvores

voa longe como pássaros

em algazarra, ainda assim, não é a

verdadeira poesia.


Poema é o que fica, o que resta

na pequena poetisa 

 guardado no coração e na alma

 e  que  se derrama 

pelo caminho  porque ela deixa 

enquanto se passa,

enquanto se vive, se existe em uma eternidade,

a eternidade de si mesmo.

É aquilo que se pode ver agora.


A pequena poetisa sempre morrerá  de amor

pela existência. É a ciência da sua alma,

de toda e qualquer alma, a grande e  recompensa.










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