inverno

Quase nos entendemos:
faltou um toque do destino.
um simples toque ao menos...
mas já nos conhecemos.

onda...

Sem profundidade
no leva e traz da  lida
vivo a deriva da onda
que lambe a superfície da vida.

além por outras bandas
a maresia leve límpida e mole
umedece a planta
que nasce neste solo.

deixo perdido, vago
a força o poder humano
para ser só um largo
um largo pedaço de pano.

de algodão branco e bom,
colhido na fazenda da terra,
que aceno em nome da paz...
enquanto não finda a guerra.

lei

bate a porta fecha a porta
tanto a porta, tanto janela.
tudo tudo sem tramela.

não se importa nunca
quem está dentro,
quem está fora dela.

no principio a lei era serva do cidadão...
hoje a lei tem outra mão.

advertência...

minha vida meu sapato.
Não serve no seu pé.

Que venha o futuro...

Sou obrigada a fechar os rios urbanos.
preservar as ninhadas de peixes
e as águas limpas.

Sou obrigada a ter coragem de admitir
que jogar lixo no rio é ser impio
quanto  a  Deus e quanto à natureza mãe.

Sou obrigada a tornar o rio um  condominio  privado de alto luxo
 para apenas as águas e seus moradores.

Sou obrigada a ser drástica, dramática:
prender os infratores do lado de fora, em terra firme.

não lhes deixar liberdade para invadir às águas dos rios e suja-las.
Vou  processá-los, multá-los e cobra-los imediatamente
como juiza  auto instituída que sou do meio ambiente.

Sujar o rio é um crime bárbaro.
O rio  urbano  vira esgoto humano.

E a água por sua natureza é patrimônio de todos os seres vivos , sem distinção,
inclusive das futuras gerações humanas.

a partir de hoje,
considerem os  rios urbanos todos fechados,
com mil chaves e paredões de concretoço
Porque fazem parte do tesouro natural da humanidade...


considerem os rios urbanos cercados por polvos
de mil braços num abraço, sem nó e sem laço.

E esperemos que este gesto nos faça
tomar consciência do verdadeiro bem que é a terra e todos os seus elementos.