quinta-feira, 29 de abril de 2010

Flashes da vida de Djarme - a borboleta azul - estórias contadas por pipa, personagem criado por Maria Melo

Pipa foi  promovida á espiã.
Ganhou um equipamento bem ultrapassado
mas exato para o momento.

Aquele dia de manhã saiu com sua filmadora na bolsa,
Objeto pequeno, preto, discreto e leve
mas mordaz e audaz!

Durante o dia pesquisou a beira do Rio Tietê, agora de sua propriedade,
comprou-o de Poseidon pelo preço das riquezas de suas águas.

Estava ela nos liames do rio Tietê e a cidade.
Onde já havia  grandes vestígios de destruição:
quando começou a chover... era quase final de tarde.

Parou sobre os escombros de uma velha construção, em abandono.
plantas e entulhos, muito mais entulhos era a visão.

A chuva caia cada vez mais forte. Seu cachorro impaciente,
andava de um lado para o outro, com medo das nuvens.

Ela olhou a sua volta viu uma flor bem grande
no meio dos escombros.. Que lugar mais feio
para nascer uma flor, ainda porque uma flor solitária.
que destino mais insonso!
Uma margarida bem grande, maior que o normal.

Queria guardar aquela imagem.
Mas não queria mostrar as coisas feias por ali,
"vou mostrar só a grande margarida"

Abriu a bolsa pegou a filmadora... a chuva caia.
pegou uma toalha e um plástico, ajeitou a filmadora
para filmar na chuva... que desastre!
nada dava certo, o papel caia, a toalha molhava
a pouca luz do sol se ia.

Quando de repente passou por ela uma borboleta
branca com leves bordados coloridos nas asas,
voava na chuva, estava apressada, parecia aflita.

Pipa não teve dúvida, aquela borboleta tinha assunto
urgente para resolver. Estava arriscando a propria vida,
por que... bisbilhotou!

A borboleta parou alguns  metros dela.
Pipa com a filmadora na mão e na chuva se aproximou.
Ligou a máquina e começou a filmar,
a borboleta se esquivou para o meio das folhas
pipa desligou a máquina para procurar uma melhor posição.
e a borboleta apareceu e se exibiu:  abriu e fechou varias
vezes suas lindas asas para pipa
que não conseguia filmar,
havia desligado a filmadora, e até ligá-la e fazê-la
funcionar a cena já havia acabado.

A borboleta branca voo mais um pouco
para os entulhos, longe ainda da margarida.
Pipa a seguia com passos sorrateiros e
chutava seu cachorro que queria correr atras da borboleta.

Finalmente a borboleta branca parou e agitou as asas
novamente... Assim pipa viu o que acontecia:

Uma gigante borboleta azul estava caida no meio dos entulhos,
suas enormes asas de uma ponta na outra dava mais de um metro.
Era seda de outros mundos.
Pipa se aproximou discreta, com dor no coração,
afinal nunca tinha tido tal visão,
nem mesmo em sonho.

Tentou tocar suas asas, tentou estendê-las
eram leves, eram suaves, eram belas
ainda que parecessem  muito velhas.

A borboleta azul tinha olhos quase humanos,
estavam invisiveis dela. A parte mais robusta do seu corpo,
tinha o diâmetro de uma bola oficial de futebol!

Pipa a tocava, além de surpresa, pipa queria mostra-la,
mas queria que ela estivesse viva e voando
sobre a natureza... era tão mais que um pássaro,
embora os pásssaros sejam tamanha grandeza!

Pipa guardou navamente a filmadora na bolsa,
pendurada no ombro esquerdo e com as duas
mãos tentava dar sustento à borboleta.

Fascinada com a borboleta  azul e sua vida,
pipa então começou um estranho diálogo:
Olha aqui Djarme, para mim!
e Djarme abriu os olhos, olhou pipa: Djarme  estava triste,
queria dizer que morria de fome, estava morrendo de fome.
por que por ali não havia mais flores, para sustentá-lo.

Ela apontou para o Leste: agora olha para lá,
vê aquela pequena luz que  tão distante...aparece
é o sol... e vem veloz, logo será dia.
Sustente suas asas largas com um pouco mais de desejo,
quem sabe verá outras flores.

O que Djarme precisava era simplesmente alimentar-se:
Alimentar-se daquela grande margarida branca
que nasceu nos entulhos da civilização.

Pipa olhou para Djarme
era mesmo uma borboleta velha e cansada
e desanimada mas ele era sábio o bastante,
para conhecer suas margaridas.
E Djarme queria mais que uma margarida,
queria um jardim com muitas flores.
Mas aquela única grande margarida,
lhe salvaria a vida, ainda
que fosse apenas por aquela noite,


Pipa tomou Djarme em seus braços
e num abraço nunca antes sentido,
entre borboletas e pessoas o carregou no colo
junto ao peito, feito menino.
Djarme era agora e para sempre
sua borboleta... levou-a até a margarida
branca e assim Djarme pode receber de novo sua vida,
e como milagre, antes mesmo de qualquer
sol chegar, Djarme estave refeito.

continue lendo, eu continuo escrevendo

quarta-feira, 28 de abril de 2010

A espiã sou eu - Pipa e Poseidon!

Valha me Deus
 com minha metralhadora de segredos nas mãos
e contas pra pagar.

Meu binóculo do último milênio
já ultrapassado, quase não vê
nem aquilo que tropeço todo dia.

Tanta gente boa
com estante cheia de livros
perguntas na lingua,
não sabe ler mas
querem  saber:
quer que eu conte... Eu conto!

Conto histórias comuns aos viventes.
Vejo coisas, sinto coisas, invento coisas,
aumento coisas, qualquer coisa que faça,
não é o bastante para contar todas as coisas.

Meu nome é Pipa, alma de papel que voa,
que se molha perde a direção, enrosca a linha,
e vai para o chão.
nunca fui no arco iris, mas já o vi.

Agora também sou a espiã...
Fui promovida em questão de segundos
meu alvo numa manhã!
Estava na frente dos olhos
e deste lado do mundo.

Não hesitei. Segui. Persegui. Investi, Revesti,
Penso que estou na tv... faço aquela cara
olho com aqueles olhos,
aliso meu pensamento para que ajude...
Meu alvo,  bom estou para descobrir.

Mudo e mudo de direção o tempo inteiro,
parece um pião, pião de brinquedo,
não peão de guerra!

Vou indo pantera, pés suaves sobre a terra,
calculando o lance, a chance, a revanche,
enfim... estou na frente do alvo.

Não hesito, registro, disfarçadamente,
com aquele canhão mando balas, torpedos,
desviou o coração mas foi atingido.

Seu pânico é cômico. Porque nada há de assustador,
a não ser o medo, o medo do medo,
também aterroriza secretamente
e torna a causa do medo cada vez mais indecifrável.

Sou tranquila, uma espiã suave,
tenho minha mala, de bolinhas mágicas,
de cartas falsas,  de lencinhos sapecas,
de dedos mentirosos e até,
de lindas rosas!

Pra que as rosas...rosas são rosas
acompanham as mulheres desde o tempo lá da roça.
Elas desabrocham,
tem seus feitiços fazem parte
das necessidades.

Agora você já sabe estou espionando Poseidon.
Não que ele não saiba,
Mas o que   quero realmente descobrir
desde Deus antigo que sempre viveu no mar,
e agora resolveu aparecer pela cidade...

Poseidon tem muitos atributos, vale a pena investigar..
comprei o Riozinho Tietê pra mim,
só para arrumar uma trilha, ou melhor
 para ter uma trilha dos passos
de poseidon desde que saiu do mar...

Eu já posso afirmar: Poseidon não é mais Peixe!

terça-feira, 27 de abril de 2010

Ela, Ele e a outra - a imperdoável traição.

"Eramos imensamente felizes.
Nós três.
Ele partia todo fim de semana
para o grande amor de  sua vida.
Eu ficava sozinha.

Sozinha e feliz. Jamais fui infeliz por isso.
Ele morava longe e trabalhava
perto de mim.
Durante a semana ele era meu.
Nos fins de semana, ele era dela.

Eu ficava tranquila,
afinal ela cuidada muito bem dele.
Porque ele jamais fez uma única reclamação dela.

Nunca me ligue dizia ele.
Não quero que ela saiba e sofra
por causa de nós.
Eu nunca ligava. Também não queria que ela sofresse.
Eramos tão felizes, os três.

O tempo passou.
Cada vez mais eu o amava,
ele me amava, nos amávamos.
Eu até a amava também
porque ela amava com muito amor
meu grande bem.

Escolhia junto com ele os melhores presentes para ela.
Fazia questão da qualidade, da beleza, de tudo
de melhor que pudesse encontrar
para agradá-la e fazê-la feliz.

Será que ela era realmente inocente.
Pois acreditava que sim.
Ele não tinha culpa de gostar de mim,
eu não tinha culpa de gostar dele,
ninguém tinha culpa,
era uma espécie de amor a três,
e não a dois, como de costume.

Mas se nem tudo é perfeito no amor a dois,
imagine a três.
Durou 5 anos, sem uma única dúvida.
de repente apareceu uma hesitação:

Por que será que nunca aconteceu nada,
nunca ela nos pegou,
nunca fez armadilhas, nunca descobriu
uma nota fiscal, um ticket de almoço,
um vestido que não recebeu...

E isto martirizou a vida da outra,
que mulher de aço seria esta...
 que ela nunca conheceu nem mesmo em foto...

Que ele tinha muitos filhos, isto era
verdade, filhos barbudos
e carinhosos que ele procurava manter longe dela.

Nos 5 anos em que se conheciam e se amavam
desde o primeiro dia  que se viram pela primeira vez.
Nunca ela visitou a cidade dele.

Mas hoje queria saber algo.
comprou passagem no final de semana,
para longe, via voar para uma verdade,
totalmetne desconhecida.

Chegaria primeiro que ele... Se plantaria em algum
lugar, o seguiria, pela cidade inteira
até descobrir tudo.

Assim procedeu... Ele foi de ônibus. era mais ecônimco.
desceu, pegou suas malas e chamou um taxi.
Ela camuflada até a raiz do cabelo fez o mesmo,
pegou outro taxi  e pediu que o seguisse.

O motorista assim procedeu. Seguiu-o!

O taxi parou. Ele desceu pegou as malas
e colocou no chão em frente ao portão da casa,
Revirou bolso, bolsa a procura das chaves,
Janelas fechadas, tudo silencioso..

Ele abriu e  entrou. Ninguém o recebeu.
Ela pagou seu motorista e também desceu.
Mas não foi para a casa dele..
Foi para a visinha, que cuidava do jardim.

Lindas flores, disse ela... Sim, disse a visinha.
Gostaria de viver numa casa como a sua.
Tão bonita, bem cuidada...
o assunto prosseguia e cada vez se esticava mais.

Até que ela: Estva olhando aquela casa ali, ao lado da sua,
parecia vazia. Será que alugam.

Não. Ali mora um senhor. Embora a casa esteja sempre
fechada... de segunda a segunda, porque quando ele está
em casa, também não a abre.
Durante a semana ele trabalha em outra cidade,
nos fins de semana ele cuida de sua própria casa,
mas solitariamente.

Sua mulher morreu ainda jovem
Ele terminou de criar os filhos e agora vive sozinho,
Dizem que ele é casado em outra cidade,
apenas dizem, porque se for nunca
trouxe sua nova esposa aqui...

Ela conversou um pouco mais sobre as flores,
depois chorou em silêncio
e voltou para sua cidade,
esperaria ele voltar e diria:
Mentiroso. Você me traiu todo este tempo
depois o deixaria para sempre.

Não disse nada, arrumou as suas coisas
e mudou-se para bem longe.
Feliz só ele ela jamais conseguiria ser.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

A busca pela alma gêmea -

A montanha é uma parte  abusada  que fugiu do mar
e suas criaturas são mutantes e sonâmbulas,
enquanto isso o mar as observa 
as vigia  e as alcança atraves de suas ondas
ás vezes, severas, às vezes lânguidas.

Sim creio eu que isto seja o pecado grave,
todo desencontro nasce da infidelidade da alma gêmea
que no desespero da monotonia da eternidade,
deseja e cultiva a morte.
O amor mortal sustenta a diversidade de todos os sonhos
e a loucura que  o mundo pode nos proporcionar.

Se Poseidon vivesse na Grécia seria príncipe
filho de Zeus, herdeiro direto do Olimpos.
Se fosse Egipcio, seria mais que isso,
Faraó, senhor da vida e da morte de seus servos,
e seus príncipes.

Se poseidon fosse romano sería pai dos cézares.
Assim Pipa o vê, uma criatura semi peixe,
semi homem, que carrega consigo ainda o estigma do mar
fera intrínseca, lobisomem sem solução.

Ser dono de Rio é ser além das expectativas de posse dos homens,
porque os rios fogem,
em toda sua natureza o rio foge, o rio abandona a trajetória humana.
Mas Poseidon o retem o mantem através de Pipa,
agora sua  mais rescente proprietária, o Rio se
tornará símbolo de vitória da mais estranha batalha.

E o que o Rio tem em comum com a alma gêmea...
O Rio é uma parte do mar que seguiu a natureza dos seres,
atraves de suas aventuras sobre a terra seca
e que esta parte mesmo a mais íntima da carne
humana conhece todos os seus segredos,
tem parceria com a criação e manutenção da vida
de todas suas exóticas criaturas.

O rio sabe todos os passos de cada par de pés,
inclusive os pés perdidos, as estradas erradas,
deixadas como herança
para sofrimento e dor.

O rio sabe de todos os precipicios e desfiladeiros,
que descamba o homem em seus
sonhos e pesadelos em busca
de emoção e aventura.

O rio vê suas construções e metamorfoses
atraves dos séculos de glorias e derrotas
que ele cultiva com prazer sobre a terra.

A água que voa  pelos vendaveis noturnos
abre seus olhos de relâmpagos
furtados raios da luz do sol e clareia as almas
simplesmente suas filhas escravas,
para que possam encontrar suas respostas.

Se Pipa for alma gêmea de Poseidon
será ela tão estranha quanto ele,
E o mestre tempo, em toda sua eternidade de doação
infinita dará  isto ao mundo como presente
devido e reivindicado!

Devido a quem... a todos... a alguns... a poucos... a muitos.
Há tantas formas de amor e de amar
e pipa sabe disto que todos os amores,
são apenas amores,
e todas as almas são apenas amantes e amadas,
e suas histórias ficam
não apenas escritas em livros ou tabuleiros de pedras,
fica escrita também no verso único da matéria.

Assim Pipa segue Poseidon
rabiscando a esmo sua loucura pelos muros,
escrevendo textos sem ditadura
espiando suas oferendas ás obscuras.

Poseidon parece completo na sua tristeza,
nem ama mulheres humanas ou divinas princesas,
não procura sereias, peixas
cheias de volúpias e destrezas.

Pipa tem quase certeza:
Poseidon é a carta sobre a mesa.

O velho folha o cientista Máscara que o mascarou
simplesmente, deixou ainda sua história
mais oculta e mais intrigante,
que qualquer outra de antigamente.

Agora neste instante Pipa tem apenas o rio,
o rio que conhece a história,
o rio que viu os passos,
o rio que escreveu os fracassos,
que contou e comemerou as glorias.

Pra ela Pipa o Rio é um Livro Perfeito
de todas as almas do  mundo,
inclusive as almas gêmeas,
cabe a ela lê-lo e traduzir, simplesmente.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Oração


Peço-lhe que aumente o meu dia,
enquanto eu vivo.
Que fomente minha noite
enquanto sonho,
que alargue a estrada enquanto me declino,
que badale meu sino,
mesmo descrente e tristonho.

Tudo que faço,
que digo,
ainda que faça repetidamente
todos os dias
pelo resto da vida
é pouco, diante do que sinto,
da beleza do amor
mesmo que seja a beleza,
dor.

Que serve e é servido, aleatorio e
obrigatoriamente a todos,

Com um riso sem jeito, numa bandeja
sobre a qualquer mesa,
com ou sem poesia
em todas as festas e frestas de qualquer dia.

Um verso: Uma rima
para um morador íntimo,
enclausurado no coração que
sopra vendavais de sentimentos.

Agita e movimenta a alma,
cria nuvens de chuva sobre o deserto do tempo
e a velha roseira que era só espinheira,
desabrocha
em rósea finas pétalas de luz
a primeira primavera deste século.

Perdoa-me este amor anacronico e anacósmico
impreciso na vida, mórbido e ilógico.
Despido de vaidade e deidade que
usa palavras simples para
simplesmente acariciar o impossível,
e todas as suas possibilidades.

Mas se Shakespeare amanhecesse ao meu lado,
com sua caneta sincera e seus dedos ageis,
sua mão em seta traçaria riscos e rabiscos
sobre outra triste tragédia.

Shakespeare dorme enquanto isto boas
risadas e grandes comédias circundam
a casa do coração.

Não há nada de Shakespeare em mim:
Só sua  eterna dose de veneno mortal.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

A morte do meu amor


Encontrei o meu amor, de um jeito de dar dó...
depois de todos os bons carnavais,
ele estava osso só.
Triste e doente, desamparado e ausente de si mesmo.
Vivia abandonado a esmo.
Ninguém sabia onde e nem por que,
ia ou ficava noites inteiras. Se enbebedava.
até quase morrer!

Não o convidei, o arrastei para minha estrada,
No antigo sitio da vovó,
na fonte do Itororó
onde ele ainda ficaria mais só.

Queria vê-lo vivo, aprumado, bem arrumado,
andando feliz ao meu lado.

Mas mesmo  magro feito um fiapo,
ele não era nada fraco,
 e pensava em escapar...

A cidade dos muitos beijos,
do glamour e dos desejos
não queria mais  largar.
nunca mais aguentaria fugir...
teria que se conformar.
comigo ao seu lado,
cuidandodo seu babado,
lhe dando muito  minguau!

Já era o fim, bem sentia, sua mão trêmula
nem segurar a minha conseguia.
Encostou seu corpo magro no meu,
e choromingou baixinho:

estou com medo, porque
só na hora da morte você me apareceu...
Esta noite sei que não amanhecerei.
Seus olhos úmidos, indiferentes,
tanto na parede quanto em mim,
vagavam, simplesmente.

Disse-lhe confiantemente:
Não tenha medo, não morrerá
Vai dormir e sonhar,
como se fosse um  nino a beira mar.
cantará com as ondas
as canções de  um outro lar...
estarei mais perto quando você me chamar.

Ele fechou os olhos
e não os abriu mais toda noite,
assim calado, sem pensamento, sem sonhos.
Fiquei ao seu  lado
até que se esfriasse completamente.

Depois o abracei e o coloquei numa cadeira
junto aos raios de sol.
Sua pele branca e fria
nem percebeu o calor!
Me entristeci mas antes,
chorava às cachoeiras pelos vivos,
agora poucas lágrimas
na vida eu cultivo.

Nem toda dor se mede com lágrimas.
Nem todo barco triste navega às claras.
O meu é assim.

Assim foram passando os dias,
ele ficando cada vez mais morto.
Até que não suportava mais o sol,
Levei-o para a horta, fiz-lhe uma cova
entre as plantações e os arvoredos.
Assim pelo menos
o canto dos pássaros ele ouviria,
todo dia, de manhã cedo.

Com todo carinho de minha alma,
ainda abracei os seus pedaços,
pedaços sim, não feitos por mim,
mas porque várias partes dele
já tinha se perdido,
não apenas do corpo,
mas acredito que
quase todo  seu espírito,
já tinha se ido.

Mas o amor que eu tinha por ele
ainda estava bem vivo.

Não fui mais para a cidade,
fiquei olhando para ele,
era seu último adeus,
sua matéria fugia apressada
em pequenos riachos
quase como o choro minúsculo
que escorria das minhas faces.

Os dias também choravam,
as águas da chuva cobriam-no
como se fosse um manto sagrado,
de minhas vistas cruelmente o ocultava...

Cada dia, cada sol da manhã,
mais morto ele se tornava.
Fiquei lá numa cadeira sentada.
Não sabia se o havia matado.

Porque longe de mim,
ele sofria mas vivia,
perto de mim
ele parou de sofrer e até de viver.
Era meu tormento...
será que ainda estaria
apenas doente...
reclamando das dores eternamente
Se eu não existisse...

Os dias parecem passar
igualmente para os vivos e os mortos.
Por que sentada ali, ao seu lado, apenas via
um pequeno brilho que restava dos seus ossos.

Quanto tempo não me lembro,
sei apenas que escurecia e amanhecia,
chovia e fazia sol, eu continuava ali.

Meus  dentes amoleceram
e cairam por ali, não me importei,
meus cabelos ficaram enormes,
minhas unhas foram  além do imaginário.
Sobre a cova dele cresceram flores
raizes e  sementes,
beija flores cantam e se alimentam,
na sua ausência, alegremente.

Eu continuei ali até
que me esquecesse de tudo,
olhei o mundo novo,
de risos e  de pessoas,
que de tanto me esperarem,
acabaram me encontrando!

Era eu mesma muito  mais só, agora,
e se tivessem um retrato meu, diriam:
esta não é você!

Mas vieram de longe
e gastaram o tempo pelo caminho,
assim como suas antigas faces,
também não os reconheceria!

Ninguém me perguntou o que aconteceu...
todos sabem a mesma coisa que sei eu!

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Despejo

Despejo:
Sem abraço e sem beijo.
Despejou-me:
Invocou santos ateus,
e exigiu a desocupação.
Relutei e cedi:
confesso que ex orbitei e ex cedi!
Teu espaço invadi!

Tudo livre:
Devolvi tudo que peguei,
até teus pensamentos,
e quase sonhos que eu nunca ouvi,
que eu quase sonhei!

Queria mesmo roubar-te,
roubar teu tempo,
nem que doesse, que chorasses
que pecasses, que errasses em amar-me!
sou toda engano, toda erro!

Tudo acaba e acabou!
Teu mundo é todo teu, como sempre foi,
nem minha sombra te assombra mais,
nem a janela aberta
e o vento indiscreto.

Mas tenho que te lembrar que sou perversa,
deixei algo para sempre
que não me podes devolver,
A  minha ausência, Não!

Deixei-te um arco íris, não esquecido,
como pensas mas de propósito,
como lembrança ou recompensa!

E quando leres na janela,
próximo dos olhos,
 o arco íris que te deixei,
saberás que eu te amei,

terça-feira, 20 de abril de 2010

Os holofotes


Os holofotes estão prontos:
Mãos ansiosas e ociosas
esperam atentas.

Iluminar por um fio de momento o tempo
que cobre de vida os ossos e as feridas.
Depois apagar-se e apagar para sempre,
o ocio indocil de minha  amarga vida.

Vou lento, lerdo e leso,
balançando os braços a esmo,
quero abraço, quero beijo,
meu peito em brasa é só desejo.

Te chamo e vens
aproveito minha distração no tempo,
porque embora vou-me lento,
a passos a frente, vou pra sempre.
eternamente.

 E teu coração colado ao meu,
aproxima e mora dentro,
num verso sem rima e ateu,

Teu sentimento: Nem morto nem vivo,
da dor filho eterno e cativo,
cuspa-me tua mágoa,
enquanto ainda existo.

Reviro pessoas, acaricio pessoas,
abraço e beijo pessoas.
procuro e acho pessoas,
encontro e perco pessoas,
me agarro e largo pessoas.

Amo pessoas: feias e bonitas,
grandes e pequenas,
gordas e magras, vorazes e serenas.

Poetas e frias, discretas e vazias,
concretas e soluveis,
sérias, mistérias e volúveis.

Pessoas da rua, do parque
da praça, do gabinete,
do guarda pó, do kepe e do boné,

Pessoas da guitarra, das cordas,
das teclas, das enxadas, das pás,
das rezas, das curas, das canetas,

pessoas atentas, dormidas, sonhadas,
alimentadas, risonhas, carrancudas,
pessoas largas, erradas e estreitas.

E deste amor ninguém mais fala,
tudo cala até os raios e trovões celestes...
porque só eu compreende,
claridade da luz que tu pessoa vestes.

Deixo-lhe minha presença, minha ausência para provar minha existênc ia.


Pessoas são livros antigos e vivos
que abraço junto ao peito,
folheio e leio sem receio.

São retângulos mudos e surdos,
nas prateleiras do tempo,
com suas cabeleiras absurdas,
de vidas e de sentimentos.

Pessoas são livros desvairados,
atirados á rua, sobre todas a mentes,
que contam todas as histórias,
 futuro passado, passado presente.

Pessoas são livros gritantes,
nos ouvidos dos vivos ou mortos,
 assobiam e uivam penetrantes,
são ventos que movem as  portas.

Pessoas são lidas pelo mundo, poéticas,
de coração aberto, esvoaçantes páginas,
feito areia pela estrada desertica,
criam fascinantes edificações, mágicas.

Leio pessoas... leios seus olhos...
adoram seus poemas arrancados em versos impares,
são lágrimas tristes ou alegres que choram,
nos seus  mais singelos momentos, intimos!

E neste livro vivo também me ponho
nas ruas do mundo, nos muros  esquecidos,
brincando de versos e poemas  sonho,
reencontrar o caminho perdido.

Pessoas são livros, livres, de histórias fantásticas,
assim ao vendaval da vida esvoaçam,
mansas, mancas, de ilusções vencidas,
mas sempre vivas pelas estradas se acham!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Sol do oriente - Maria Melo

 
Coloco-me ao sol do oriente.
Que cruza  montanhas e mares,
e brilha nas calçadas nuas e frias,
de pequenos e indifentes olhares.

Sol que não sonha não pede sonhos,
não imita nem limita realidades,
que vaga algures, lugares lindos,
move sombras infindas infelicidades.

Dou-me nua, na nua rua onde ele brilha,
ilumina pérulas e cacos de qualquer vida,
com olhar sincero de sincero pacto,
serenar dor por onde a dor na vida trilha.
 
Vou-me  sem filosofar séculos de desigualdade,
ainda que quebre pacto de paz e serenidade,
não sei manter divididos, mundos completos,
em partes de intensa e perversa felicidade.

Assim imagino que sacrifício eterno não valha,
nem dia ou hora da menor vida em questão...
que furte com cruel e fulgas navalha,
quaisquer realidades do seu coração.

O tempo roubado é tempo desfeito,
como ponto da teia da trabalhosa aranha,
que tira da própria vida a linha que é cheia
da  lua  cheia que ela  própria emaranha.

 seja ele o sol do oriente que a rua atravessa
com  raios de  brandura e  luz tamanha,
que não mede as  rimas e diversa a versa,
do poema que sua alma agora ganha.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Negra Ação - história

Ela no poço tirando agua no balde,
com uma manivela e corda.
Seus ares era de amargor.

Os pinhos europeus e a casa bonita,
combinavam com a grande variedade de pássaros e canto
coloridos que habitavam o quintal.

As roupas eram muitas e sujas,
barro, terra quase vermelha grudava nas barras da calça.
e nas golas das camisas.

As pequenas moreninhas brincavam no pé de pessegueiro em flor...
ela reclamava das meninas:
Assim não vai dar pêssego e nem doces...
vocês querem derrubar as flores...
As meninas não ouviam,
continuavam saltitando de galho em galho,
feito mesmo os passarinhos.

O garoto, este era bem mais louco...
corria ao redor da casa com uma corda puxada pela mão,
aos 5 anos de idade, eles os meninos
conseguem inventar absurdos.
Ela ouvia os passos dos pezinhos dele
correndo por perto e de vez em quando
olhava a corda que ele puxava.

Enquanto brincava o garoto dizia,
Olha a cobra e corria,  arrastando a corda pelo chão
e ria, e pulava e cantarolava: Olha a cobra,
que grandona, que negona...
Ela olhava, só o garoto correndo em volta da casa...
e a bacia de roupa suja pra lavar.
As meninas riam no pessegueiro.

Mãe você não vai matar a cobra...
perguntou o garotinho solenemente
se aproximando do poço...

que cobra... perguntou ela...
Aquela apontou ele para uns 3 metros de distância.
Ela filtrou os olhos do capim verde e rastejante
ao lado da calçada e viu algo assustador:

Era mesmo uma cobra gigante, negra, enrolada sobre si mesmo
parecia um monte!
Não acreditou nos próprios olhos.
Não é possível.
Mãe, tou te falando que tem uma cobra, lá, faz tempo
você não ouviu...

Ela largou o balde que disparou cheio até o fundo do poço
e foi conferir mais de perto.

Era uma cobra horrivel! Gigante, enrolada no chão ao lado da calçada.

Estava quase anoitecendo e ela não podia mais abandonar a cobra lá,
porque a casa toda aberta fosse o esconderijo dela
como dormiria a noite com as crianças
dentro da própria casa.

Delírio, medo, nunca havia matado um animal daqueles...
mas teria que faze-lo e tinha que ser rápido...

Gritou as meninas para que viesse até perto do poço
e pediu  a mais velha que fosse até  proximo do  paiol dos porcos
e de la trouxesse uma enxada para matar a cobra.

A menina foi o mais rápido que consegui...
veio trazendo algo, arrastando, porque era pesado.
A mãe sem tirar os olhos da cobra,
foi pegar  a arma.. Era um enxadão de cabo curto,

Mas não dava para arriscar noutra tentativa,
as meninas eram muito pequenas.

Assim ela pegou o enxadão e o levantou
desferiu o primeiro golpe e errou,  a cobra, mal se mexeu.

Teve que se aproximar mais: a cobra levantou a cabeça
e a olhou nos olhos... estava bem inerte, parecia embriagada,
Tanto ela quanto a mãe com o enxadão...

Veio o segundo, o terceiro, o quarto, golpe
e nada de acertar a cobra, que se desviava, muito lentamente,
o enxadão se enfiava terra adentro e custava
se ser arrancado do chão.

A cobra não saiu do lugar,
enfrentava a morte com os olhos, com um leve desviu de seu
 "pescoço" o resto tudo paralizado.

Até que a sorte a ajudou, acertou uma enxadãozada
bem no meio da cobra que estava enrolada,
portanto varios pedaços de uma só vez.

Não totalmente decepada mas mutilada
a cobra se contorcia... não se sabe
o que era realmente aquilo.

12 cobrinhas saindo por todos os furos da cobra,
cobrinhas vivas, tentanto correr
ela se desesperou ainda mais,
dava muitas pancadas e tudo se movia
assustadoramente... Havia muita vida
naquela pequena quantidade de materia.

Já estava anoitecendo...
Ela fez rapidamente um buraCO no chão com o enxadão,
arrastou tudo aquilo,
que era um massacre de matéria viva
para dentro do buraco
as dezenas de pedaços de cobra e todas as cobrinhas.
depois tampou com terra, socou bem.
Arrastarou os 4 a maior pedra e puseram em cima.

Poderia com muita sorte todos dormirem bem,
sem pesadelos, pelos menos a cobra
estava morta, cortada, embora não parasse de se mexer, de se contorcer.

Veio a noite, fechou-se as portas e janelas,
e foram dormir, ela a única pessoa adulta ali,
ainda tremia de medo daquele animal estranho apareceu naquele dia.

Sua consciência estava aliviada entretanto.

No dia seguinte levantaram-se todos e foram
verificar tudo estava igual, a pedra no mesmo lugar.

Passou se tres dias... finalmente ela resolveu
abrir o buraco... para sua surpresa e horror...
todos os bichos ainda estava  vivos...

Ela correu graves riscos... pegou o alcool joguou sobre eles,
colocou fogo... queimou, uma duas, três, quatro vezes,
os bichos continuava se mexendo,,,

Há muita vida em algumas matérias,
mesmo que sejam estranhas vidas...

Ela queimou muitas vezes aquela matéria,
depois enterrou-novamente, colocou a pedra,
e por fim se mudou de lá.

Juraria


Que era leste, o sol nascente,
Mas era oeste e  poente,
Juraria que era novo e único,
mas era velho, antigo e louco.

A rua de pedra mergulhava nos últimos raios de sol,
o mundo gira mesmo e carrega
o corpo e alma das pessoas,
leva seus sorrisos, seus abraços e bondade,
leva o coração
assim quente e cheio de sangue e de sonhos
para  distantes veredas,
e o consome em alegres labaredas.

Eu morro nos braços dele
e espero que ele me ressuscite.
 A beleza de seu corpo é um contraste constante,
com a dor e a paisagem que me  habita.

Mestre de uma arte que me domina,
uma linguagem suave,
de trovão e lua, numa escura nuvem.
Mestre que me ensina,
me enleva serenamente,

Eu que sou triste como uma porta fechada,
como pedaços de coração,
numa mão esmagada...

Vou me sentindo livre de novo,
de uma angustia de desamor sem igual,
de um vento  escuro e agil,
que me roubou do meu dia,
e quase que não amanheci mais.
( dedico a ele que tem sempre braços abertos
Um poeta do silêncio que não mede tempo
e nem espaço e conhece a sombra e a luz de quem ama)

domingo, 11 de abril de 2010

Bendita Benedita


O velho adoeceu. Moribundo não olhava mais para o mundo.
Seus olhos colados na parede nua, seu corpo, ferida
na cama, enrolado no próprio desgosto da vida.

Ele era o chefe ali, suas eram as terras de todos,
a cidade, a orquestra de sapos noturnos e o lodo.

Os sacos de dinheiro, as donzelas e as generosas,
ninguém lhe negava nada, ele era realmente bom.
Mas agora estava quase morto, nada lhe interessava
nem a bondade acariciava mais  o seu  tom.

O médico, o padre, o feiticeiro, o curandeiro,
o remedeiro as comadres, as rezadeiras, enfim todos por ali,
aguardavam o desfeicho daquele maleficio  de sorte:

Sua mulher a amante muda  ficava mais muda no seu canto,
porque ele ainda era tão jovem e ela já estava tão velha,
e ficaria muito mais velha depois da sua morte.

Exames e examinadores da carne e do espirito
tiravam plantão no seu quarto. Nenhuma doença de fato
apenas o desejo de partir seu próprio pacto.

A sua mulher, amiga e  companheira,
estava velha, doente, gorda e feia.
E na cidade todos falavam que ele
já não era mais o mesmo, andava cabisbaixo,
com o couro no arreio, quando por fim,
acamou-se de vez e na cama emudeceu.

A BENDITA BENEDITA...
andava nua pela cidade, era professorinha da criançada,
até que um dia zequinha e a turminha,
apareceu no seu quintal e a dita professorinha,
os convidou para um mingual.

Um mingual de milho verde, conhecido por aqui por Cural.
A criançada gostou. É natural e falou
como a professora estava nuazinha
na pele de Eva, enfeitando o parreiral.

Da escola ganhou a conta, ninguém deixava o filho
passar na rua dela. Os vizinhos fizeram muros,
a prefeitura pintou suas janelas.

E nem ganha pão mais na cidade,
professora conseguiu arranjar...
mas continuou nuazinha a caminhar pelo seu quintal.

Ora mostrava   uma parte da frente, ou a outra parte,
não importa tudo estava ao sol.
Desprezada e humilhada  a bonita professora,
não perdeu seu rebolado.. a pequena cidade só dela falava,
mas agora também da doença do seu chefe respeitado.

A velha mulher e todos os amigos cansou de tanto esperar
que a morte o levasse ou o curasse,
porque era muito dificil pra todos o sofrimento do homem.

Em pouco tempo ela já estava sozinha com ele
moribundo e quase morto.

tirou a roupa, subiu na cama, balançou suas carnes murchas
na frente dele, chamou de zé meu bem,
chingou de  João de ninguém... ele nem abriu os olhos,
Não queria sopa de galinha cheia de oleo,
cheirosa, saborosa mas agora podia jogar tudo fora.

Ela desceu da cama desanimada: O velho marido
se ia porta a fora porque ela sua donzela tinha virado um caco.

Pensou nas belas meninas da cidade,
as moças donzelas, casadeiras, pensou nas pirainhas generosas,
nas putas velhas sem rodeios...

Que carne comprar para a sopa de seu velho e moribundo marido...

A bendita benedita... Foi a velha procurar
A moça esfomiada queria mesmo trabalhar...
e na casa dos velhos, se vestiu feito uma matrona.
prendeu a cabeleira, fechou todos seus botões.

Na cozinha da velha preparando o jantar ela a velha
começou a falar... Benedita, vai trabalhar assim,
toda abotoada...  com esta saia no calcanhar...

Bendita benedita disse, sim senhora, me desculpe
pelo falatório, vou me comportar muito bem,
já não tenho o que comer... fique sossegada,
metade do que dizem nem é verdade.

A velha pegou a tesoura e cortou os botões
da blusa de benedita, sim, vai de blusa, mas de blusa aberta,
desbotoada... vê se ele come alguma coisa...

A moça confusa não reagiu pegou a sopa e foi para
o quarto a velha a seguiu... esperançosa...
Será que ele repara que a blusa não tem botão...

Um dia sem botão, outro sem blusa, outro sem saia,
outro sem calcinha, sem sapato...
e o velho foi melhorando... foi se curando.

A velha foi ficando cada vez mais feliz. Ele
foi virando os olhos, mechendo as mãos, murmurando
fazendo carinhas e fazendo manhas
que nem tinha terminado o inverno
o velho já estava ótimo...

Bendita Benedita é hoje chefe de gabinete,
ganha colar e pulseira de ouro, da primeira dama,
e todos sonham que um dia ela tire novamente a roupa...

Para curar muitos outros doentes
que pela cidade inflama.

Mas ela é seria e disso ninguém duvida
e só quer mesmo escutar um "viva a bendita benedita"!

sábado, 10 de abril de 2010

Um século de Rachel de Queiroz

Quando eu digo que adoro a obra de Rachel de Queiroz
Digo que a amo, mesmo sem tê-la conhecido,
sem ter convivido de qualquer forma com ela.

Sua obra me leva à pessoa dela...
vôo direto até uma praça qualquer do mundo,
onde Rachel,  ainda quase  menina,  vai aparecer e espero,

Logo a vejo chegando na praça... bela
como a própria manhã que  era dela.

Estou sentada perto de outras pessoas,
o sol está bom e a praça está cheia.

Rachel se aproxima lindamente de um casal de namorados
e pergunta: Posso amar vocês...
eles se olham e estranham a pergunta... como assim...
Posso amá-los ou não...
Moça, estamos namorando... será que podemos...

Ela sai rindo... vai para um grupo de rapazes
Posso amar vocês... eles surpreso com a beleza
dela riem... pode sim, donzela, agora mesmo se quiser.

de banco em banco fazendo sempre a mesma
pergunta... posso amá-los e ouvindo
gracejos também ria e saia.

Alguns diziam: tão linda, mas parece sem juizo.
Para o homem ela fez a mesma pergunta:
Posso amar o senhor...
Ele disse: não sei não moça, eu não presto.
Ela tinha a resposta: Eu sei que não prestas,
mesmo assim, posso amá-lo.
Melhor não, minha cara, não quero te ver chorar.

Depois de perguntar a todos a mesma coisa,
e ouvir sempre evasivas das pessoas,
Ela subiu num banco da praça:
Arrumou sua bela saia, os cabelos
sorriu amplamente e falou em voz alta:

A mim todos podem amar,
eu permito que me amem, que me adorem,
eu permito toda forma de amor
ontem, hoje e agora
e permitirei que me amem para sempre.

e leu um poema, leio com seus olhos,
com seu corpo e toda sua alma em cena:
(Texto acima criado por Maria Melo)

      

Eis que temos aqui a Poesia,
a grande Poesia.
Que não oferece signos
nem linguagem específica, não respeita
sequer os limites do idioma. Ela flui, como um rio.
como o sangue nas artérias,
tão espontânea que nem se sabe como foi escrita.
E ao mesmo tempo tão elaborada -
feito uma flor na sua perfeição minuciosa,
um cristal que se arranca da terra
já dentro da geometria impecável
da sua lapidação.
Onde se conta uma história,
onde se vive um delírio; onde a condição humana exacerba,
até à fronteira da loucura,
junto com Vincent e os seus girassóis de fogo,
à sombra de Eva Braun, envolta no mistério ao
                                       mesmo tempo
fácil e insolúvel da sua tragédia.
Sim, é o encontro com a Poesia. 

poema Rachel de Queiroz


(Poesia feita em homenagem ao poema
"Geometrida dos Ventos" de Álvaro Pacheco

( Jornal da poesia Rachel de Queiroz)

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Mensagem das pedras - Maria Melo - Maria Melo's MySpace Blog | Conchinhasdomar..poetry

Mensagem das pedras - Maria Melo - Maria Melo's MySpace Blog | Conchinhasdomar..poetry

mensagem das pedras - Explicado

Era uma pedra debaixo da montanha 
vivia escondida com vergonha de brilhar.

Um certo dia saiu pra passear 
queria ver o sol e conhecer o tal luar...

 e os construtores ficaram enlouquecidos 
com esta pedra sem juizo, desgarrada do lugar...

E a montanha vivia elevada 
muitas pedras escondidas sua base conservava...


Até o sol nas alturas se assustou: 
a pedrinha foi pro vale nunca mais ela voltou..

e lá no vale a pedrinha conta história 
da montanha elevada esquecida na memória.

no arraial a noticia se espalhou 
que a pedrinha cativante da montanha se escapou


e a pedrinha só queria ver o sol, 
ver o céu e ver o mar e as crianças do lugar..

Era uma pedra: Alma
Debaixo da montanha:  Montanha igual a um "Eu  físico, completo, 
com carteira de identidade
direitos e deveres constituídos. Vivo.


Vivia escondido com vergonha de brilhar:
Esta vergonha representa o massacre dos instintos 
que começa com o nascimento e 
só termina com a morte.
É o difícil "lustre" não apenas das aparências 
mas também das consciências.


Brilho é viver.


Um certo dia saiu pra passear... 
queria ver o sol conhecer o tal luar...
Aqui é a busca do auto conhecimento 
e o conhecimento do seu meio.
O acaso é a lei que prepara as armadilhas 
para colocar e manter o ser humano 
em contato com sua realidade.


Os construtores são as ferramentas do mundo 
que sustentam o ser humano em diferentes épocas
e que guardam suas estruturas intactas 
para oferecer um tempo de vida  ordenado a cada um.


O eu completo aparece no seu auge e 
não reconhece os poderes da natureza que confabula
contra ou ao seu favor.


Até o sol nas alturas se assustou... 
O sol é o dia de vida, o olho atento 
do presente que vigia sua criatura.


O vale é o mundo com tudo que existe 
eternamente nele.

As lendas  contam histórias de almas e corpos, 
de eternidade (aspectos religiosos, filosóficos)

No arraial 
( a visão comum, do dia a dia, 
da luta nos revela a fuga da alma, 
por causa das grandes contas
que ela paga por nossa culpa. (carma)..


a pedrinha só queria ver o sol...
finalmente a integração do corpo e da alma, 
no plano da materialidade existencia.



terça-feira, 6 de abril de 2010

O peixe Poseidon e Pipa

Pipa é dona do Rio Tietê.
Comprou-o pelo projeto.
suas águas límpidas diamantes,
não  são dejetos.

Poseidon mentiu sem piedade,
Não foi o rei de Portugal,
que lhe concedeu autoridade,
para vender   tal pedaço da água.

Foi sim um velho indio,
de uma tribo perdida,
que se encheu de tristeza,
ao ver o futuro do rio.

Pediu que subisse Poseidon,
dono das águas do mar,
e bebesse as águas do rio,
antes mesmo que elas morressem.

A vida eterna de um rio,
a vida eterna de um peixe,
não se registra em  cartório,
nem se guarda  aleatório!

Pipa foi a cabeceira do rio,
buscar os documentos que ele  prometeu,
sangrar as raizes da árvore,
que os papeis esconderam.

Quando a vista viu o brilho,
da terra escondido,
na carne viva da árvore,
pipa compreendeu...

que o rio tem sua alma,
que ninguém jamais o prendeu,
que ninguém jamais a desarma.

Pipa dona do Rio Tietê... e todos
os outros rios que dele são filhos,
tem um projeto
que resgata suas águas,
à fonte, feito criança no útero,
que novinha engatinhará como antes.

Por isso o rio é dela,
Mas eles os empresários, virão,
juntar-se a mesa dos grandes planos
e conversarão alegremente,
á beira de um novo rio,
que de suas mentes
fluirá limpidamente.

Pipa espera, embora tenha pressa,
pode esperar, tem que esperar,
até que eles decidam
 a coragem de transformar.

O rio, o imenso rio do povo,
no maior rio sagrado do lugar.

Um livro lido, vivido e fechado para sempre (maquiavel)


Veloz feito o vento Maquiavel cobriu a terra,
de lágrimas, de suor, de sangue e juramento.
De vingança, demolição, e de tormente.

Pequeno grande veneno, contaminador
das mentes humanas, animais e terrenas.
A mão que o semeia, simplesmente acena,
a dor vem correndo, crescendo, em cena.

Maquiavel, o douto louco do coreto,
levou ao leilão as almas dos homens bons.
e os leiloou sem levantar a voz,
dos outros, apenas as teceu em ferozes nós.

Agora Maquiavel em agonia acabrunhado,
vê seus dias nas últimas páginas apenas,
vê os olhos grandes,  mais arregalados,
arrependidos das árduas lições terrenas.

E os trabalhadores acuados não  fazem cena,
levantam o dia no martelo e prego apenas,
roendo suas dores e agonias, gastam,
todas suas horas, reconstruindo o dia.

O douto louco se entrega ao fim,
Eles irão correndo buscar novas fontes,
 repor os sonhos dos incansaveis pregadores,
que remendam o mundo,
esparadrapo branco, negro horizonte.

Os trabalhadores não param:
Não verão o fim do mundo.
e Se tudo foi feito pra acabar,
eles permanecerão no fundo.

Ate que a aurora os venha resgatar.

domingo, 4 de abril de 2010

Vá pra Froid que te Jung...


Sifroidisprica Junguintende.
Froid quase disse: Jung, isto é um tridente. 
Um símbolo que está nos seus sonhos.

Jung mais que contente quase disse: 
Mestre, o que significa isto...
Froid, potente, espetou Jung com seu tridente.

Então, tudo que não sei, tudo mesmo, não sei.
Isto é nada sei.
que não explico, não quero ou não posso explicar....
mando para Froid e Jung...
e de lá ninguém escapa!

Assim, posso escrever em paz, 
sem tantas perguntas que minha própria alma me faz.

Vá pra Froid que te Jung. 
Expressão criada por mim 
para representar 
a cabala mais tormentosa do mundo.

Estes dois juntos....
Nos dão boas respostas 
pra tudo aquilo que se   vive 
e não se  entende nunca.
mas cuidado com o tridente de Froid 
a curiosidade de Jung.

sábado, 3 de abril de 2010

O ar... Maria Melo


Uma semana que se vai...
não dou conta do tempo para se consumir.
São horas e horas  que perco,
procurando o que perdi.

Quando fico sozinha comigo mesmo,
já é sábado... fim das alegrias,
Tem um vento tão bom na praça,
que sinto até cheiro de outro dia.

E penso comigo na minha lógica,
que distância será esta, quanto mais corro
mais longe fico, mais perto morro.

Mil quilômetros, 100 metros,
sussuro nos ouvidos, penso nos abraços,
nos braços inertes, caidos.

Berro nos alto falantes,
qualqueis besteiras que me vem  a sede,
só para ter certeza,
que tem coração atras das paredes.

O vento é ele... olho para todos os lados,
sei que não está, é só hábito,
de sempre procurar.

O vento é ele.
Que venta ao meu redor, me buscar,
O cheiro de sua vida
que guardo sempre no meu olhar.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Podem os amantes romperem a barreira física da morte...

Será que meus visitantes e leitores se esqueceram
desta proposta...
Devo lembrá-los que a autora ainda não conseguiu
a resposta.

Joanita e Pablo estão longe dos curiosos,
nem mesmo a autora sabe o que fazem eles de melhor
Mas nem tudo está esquecido,
A autora afirmou que todos serão vigiados,
todos serão enganados, de acordo com
o roteiro escrito e lido.

Parece que agora já temos um outro par,
Poseidon e Pipa e temos mais que um par,
temos um par de malucos, contador de histórias.

Pipa é dona do Rio Tietê e Poseidon era o antigo dono.
Pipa não tem sua origem esclarecida,
Poseidon tem uma parte de si mesmo,
feito pelo cientista Máscara, o seu folha.

A outra parte, quem diria, totalmente indecifrável,
Poseidon é um peixe antigo,
mascarado homem de poderes mágicos.

Antes de ser peixe... ou fora sempre peixe,
ou um velho sábio mago.
quem me dera   ter a resposta.

De certo modo, faço uma advertência
ao meu visitante leitor,
se for muito intransigente ou exigente,
vai ficar sem fôlego
pra esperar a história e seus personagens,
se enredar no plano mais visivel e
mais compreensível.

Meus personagens avulsos,
são como atores numa festa,
não conhecem o texto,
nem por onde a história se envereda.

Quando serão chamados
e o que eles vão contar,
 eu a autora, também não sei...

Na verdade os conheço tão pouco,
como meus próprios visitantes e leitores,
os conhecem,
mas lá no quarto escuro,
dou-lhe uns apertos e arranco suas juras.
e prometo compartilhar,
o que de melhor eles tiverem.

Sedução


Seduzir  o pai,e ganhar  uma mãe.
Depois seduzir a mãe:
pra ganhar um útero.

Seduzir um útero
pra ganhar os braços,
seduzir os braços,
pra ganhar o peito.

Agora seduzir o peito,
ganhar o pão,
seduzir o pão,
ganhar o dia.

Seduzir o dia,
ganhar o sol
seduzir o sol,
ganhar os sonhos.

Seduzir os sonhos,
pela efemeridade
e ganhar  a eternidade.
autora Maria Melo

A margarida e seu beija flor





A margarida gasta o seu tempo
com suas tontas pétalas...
 
desperfumadas e descoloridas,
ao vento incerto, pérolas...


O beija flor a canta e a cultiva
com suas leves asas ao céu...
 
entre suas pétalas,
ao sol cintila yellow mar de mel...


A amarga lida de um céu cinzento...
seu olhar violino segue atento
 
mais transparentes que estrelas nuas
num beijo eterno devorar me lento.

autora Maria Melo

You are welcome



Good morning everyone who comes to visit me, today... Thank you and have a nice day.



Agradeço o carinho da sua visita... Visitam este blog Brasil, Estados Unidos, Israel, França, Portugal, Antilhas Holandesas, Alemanha, Georgia, Coreia do Sul, Canadá, Malásia...Moldavia, India, Rússia, China, Turquia, Luxenburgo, Reino Unido, Ucrânia, Hong Kong, Itália, Austrália, Arabia Saudita, Argelia, Jersey, Peru, México, Slovenia, Ucrania, Macau , Emirados Árabes unidos, Egito,Argentina, Líbia, Romenia, Holanda, Marrocos, Ruanda, Japão, Angola, Indonésia, Senegal, Suécia, Cabo Verde, Belgica, Ucrania, Letonia, Kwait, Iraque, Polonia, Irlanda Brunei,Macedônia, Vietnan, Venezuela e Siria Welcome and I am glad... back again!...
e convido você que ainda não o visitou a visita-lo também.