domingo, 31 de maio de 2009

Conto depois! Parte II - Maria Melo - Brasil

Leve-me para casa disse ao seu amor,
sorrindo como só os jovens sabem sorrir,
amando como só eles sabem amar.

E se foram... uma rua outra rua,
o dia vinha vindo rapidamente.
Mas chegariam ainda no escuro!

Chegaram. Ele parou seu lindo carro,
numa bela casa, num elegante bairro.
"Querido, me deixe e vai logo, vai amanhecer,
não quero que meu pai veja
você aqui comigo, ele não entende o nosso amor.
E quero ficar em paz
pelo menos pra dormir um pouco.

Você que sabe... beijinhos mais beijinhos,
ele saiu bem devagar, sem ruído,
ainda no escuro da madrugada,
ninguém viu nada.


Ela ficou em pé parada em frente ao portão,
esperando ele desaparecer
em poucos segundos
tudo já tinha se apagado na sua mente.

Então abriu a bolsa e pegou as chaves,
para abrir o portão, tentou e tentou
não conseguiu... experimentou todas,
nenhuma abriu. Que absurdo
Terei me enganado quanto às minhas
próprias chaves?

Não queria acordar meu pai, minha mãe,
nem a passarada, ou a cachorrada,
ou a vizinhança bem no meio da madrugada.

O frio, o sono, a fazia cair em pé...
Quero minha cama, minha coberta, meu travesseiro,
quero tudo, meus sonhos, meus pesadelos,
só não quero ficar aqui a noite inteira.

Foi para a campainha e tocou,
uma, duas, três, dez!
A luz acendeu... Levantaram-se,
olharam pela janela,


Demoram-se mas a campainha insistia tocando
calorosamente, ela começava a falar alto:
Poxa, desculpa por ontem
abram logo a porta, estou um monte!

Vieram os dois... o pai e a mãe dela!
Pararam alguns passos do portão, sem as chaves,
O que aconteceu moça?
Errou de casa? Tá alcoolizada, drogada?
Doente, acaso a conhecemos?
Para nos chamar a estas horas?

Parem com isto, abra o portão, quero entrar,
quero dormir! Estou cansada, com frio,
por favor me desculpem
Prometo não fazer mais isto!

Não a conhecemos. Nunca a vimos antes,
Se nos falar um número telefônico,
chamaremos seus familiares.

Vocês são loucos... mãe sou sua filha,
ainda ontem por mim você chorava,
moro nesta casa, tenho direitos,
como podem me renegar?

Está escuro, disseram eles, mas veja:

Somos branquinhos, de olhos azuis,
cabelos quase vermelhos,
você é negrinha,nunca se olhou no espelho?
Quer ver como você é diferente de nós?

Aí ela viu... de fato eles eram brancos,
muito brancos, olhos azuis, não eram seus pais?
Então ela duvidou que ela fosse,
realmente negra... Talves fosse um truque
daquele espelho,
Ou um sonho, bebedeira, qualquer outra besteira,
mas nunca em hipótese nenhuma,
negra, naquele momento ela poderia ser!

Porque seus pais... ela conhecia muito bem,
desde sua entranhas, afinal,
eram seus pais, ninguém mais,
por mais estranhos que fossem!

Eu não sou negra!
É sim... tudo bem que não aceite
mas você é negra,
nós não temos nada com isto!

A mãe dela foi buscar um espelho
Olhe querida, você é negra,
é linda, é jovem, mas está louca,
não somos seus pais, você não mora
aqui e esta não é sua casa,

E você não tem o direito de invadir
nossa noite de sono, nossos sonhos,
nossa vida, com sua loucura,

Se você não está precisando de ajuda,
vá embora, se nos der um número de alguém
que a conheça chamaremos,

Ou vamos chamar a polícia!

E foram voltando para dentro!
A moça começou a chorar:
Mãe, pai, não façam assim,
deixem-me entrar,
nunca mais desobedecerei vocês!

Vamos chamar a assistência para pessoas drogadas.


Deram-lhe as costas.
Ele sentou-se no chão, confusa,
parecia uma criança de dois anos
de idade... chorava baixinho,
como se os pais fosse passear
e a deixassem sozinha.

Não havia nada que pudesse fazer,
O portão absolutamente trancado,
Dormiu ali mesmo, choramingando,
de mansinho,
por pouco tempo, é claro,
logo depois, os faróis de um silencioso carro
deslizavam suavemente na neblina da madrugada,
Vinham levar a negra,
que dormia feito criança na calçada
pedindo papai e mamãe
cama quente e carinho,
quem sabe ela ganhava!

Conto depois! Maria Melo - Brasil

Ninguém pode contar. Ninguém viu!
Conto eu, invenção, mentira, aumento,
advento, mero e intruso pensamento!

Mas meu, domado, custeado, interrogado,
por fim dominado, temporariamente!
Aproveitem a exótica leitura da minha mente!

Ela e o pai... um discurso sem fim
"você não me entende... nunca me entendeu
Você me criou mas nem sabe o que sou eu!

Quero sair de noite, não gosto só do dia,
Dezassete anos... não sou criança!
e você quer destruir a minha esperança!

"Você não me respeita, não me obedece
a noite é perigosa, cheia de desespero.
por que não faz como as outras crianças,
vê desenho, deita sonha e dorme!

Vou me embora, pego minha mala,...
pois vá, você tem o mundo todo lá fora,
vá, não amanhã, vai, hoje, vá agora!

A mãe chora, ele fecha a cara
ela despreza tudo, sem nunca
ter perguntado nada sobre nada,
se joga porta a fora!

São 10:00 horas da noite,
mas para os corpos quentes dos
jovens... nada mais fascinante os espera!

Foi mesmo, como queria, juntou-se
ao bando de amigos do peito, iguais a ela,
dormia de dia, de noite devorava tudo que vinha!

Primeiro o prazer das coisas noturnas e misteriosas,
cheirou a comida, fumou um pouco de fumaça,
bebeu coisa ardente doce e cachaça
com nomes diferentes... é claro.

Caiu no palco da arte do mundo,
dançou muito, bebeu mais, beijou a noite toda,
ele era lindo, fervoroso demais!

nenhum mau a atingia... está comemorando
o seu lindo dia de amor,
amor por si mesma, pela vida
e por qualquer danação que fosse
que a mantivesse ainda mais viva!

Viva meu dia, viva minha noite,
viva meu corpo, viva até minha dor...
Viva o beijo da sua doce boca,
Porque só assim vivo eu!


Ás cinco da manhã olhou o relógio,
foi ao banheiro se arrumar,
já era hora de voltar pra casa,
seu pai nem ia acordar!

Todos os dias ela jurava não mais voltar.
Mas de manhã dá um sono, uma preguiça,
uma fome, uma saudade de casa,
de ver o pai, a mãe, a mesa do café,
de ouvir todas as broncas,
e rir, rir muito, bater a porta
e ir dormir... o que me importa
se eles não me entendem!


Antes porem no banheiro,
olhou no espelho... no relógio depois no espelho,
e concluiu: Que negra maravilhosa sou eu

Que cabelos lindos, todos enrolados miudinho!
Que olhos brilhantes, que boca grande e sensual,
que pernas eu tenho,
por isso ele me ama tanto!

A saia curta e justinha
quase exibindo tudo a mini blusa,
o batom, a pulserinha no pé,
brincos grandes... parecia jóia
bijoterias, nela tudo lindo!

A mais bela negra da noite...
tinha também um belo namorado!
E como era generoso o amor...
seu corpo adorava praticá-lo!

domingo, 24 de maio de 2009

O Juiz II parte - O mastro de Marmore - conto - Maria Melo

Eu que bem o conheço pela sombra dos seus sonhos,
não nego que ele padeça,
da mesma dor que eu,
compartilhada de modo medonho.

De boa raça, e seda pura
sua pele nobre e brilhante,
faz dele uma casta criatura,
neste mundo errante.

Nem sei como o pobre suporta,
o cheiro da miséria do seu próximo.
que o ar alheio a sua nobreza,
espalha pelo mundo e sua porta!

Por mais fechada e mais fechadura,
tem poros e poros invisíveis
por onde entra o olhar da criatura,
que torna a vida dele impossível!


Assim este belo Juiz, que tão belo tão raro,
não vai ao analista, não chora, não duvida,
não implora perdão pelos seus atos.
Se vê de Deus aliado na justiça,

Não questiona o peso da sua mão,
nem de sua espada certeira,
rasga fundo até o coração,
rindo profundo da razão!

Por que que razão terá ele?
Sua roupa um tanto exótica,
seus papéis, os papéis deles,
que sua nobre sabedoria comprovam!

Mas ele não precisa questionar isto,
questiono eu, apesar do risco.
que bicho será ele no meio de tantos outros bichos?

Mas meu Juiz é grande apesar disto!
Julga sem temor algum qualquer pequena causa,
com toda severidade precisa!

Como eu disse, acordou desolado,
em tantos papéis perigosos embrulhado!
Papéis que vem de outras árvores,
com outras escritas caladas.

Leu-os em silêncio, na noite escura,
penso que ele pensa numa saída,
talves ser um reparador doméstico
e saber como se vai, neles a vida!

Como se vai esvaindo a carne, o sangue,
o trabalho, os sonhos, desde de o dia
em que são concebidos, até o dia
em que desistem de sofrer mais um dia!

Mas e se são maus... e se são do mal!
E se o sofrer deles for merecido,
E o Juiz for bom e for do bem,
disto estiver convencido...

Nada pode haver de errado com a lei
que sai do fundo do abismo para devorar
sua presa,
com que força é lançada
contra sua vítima, contra a qual
não há destreza.


Papel e mais papel, papel, a grande e absurda prisão,
prendem caiporas, caipiras, sábios e coronéis,
em células mortas que regem as regras,
que jamais serão quebradas,
são fragéis, alianças e anéis,
que se desfazem em cinzas, e fumaça e
desaparecem na voracidade da água!
ou no imenso azul do céu!

terça-feira, 19 de maio de 2009

O Juiz - Conto - Roteiro para cinema - um filme de amor

Terceira Vara Criminal:
12 anos alojado num grande mastro de mármore!
Vida bem sucedida
Bem amado!

Uma ótima esposa, lindos filhos,
um arsenal de livros
de grandes autores, de grandes leitores,
de grandes usuários...
de grande aplicabilidade
Livros que valem o preço da árvore cortada!

O Juiz, família tradicional,
sobrenome honrado e reconhecido!
Trabalho nobre, enobrecedor, Incólume,
Amálgama da sociedade!

Mas hoje o Juiz acordou estarrecido:
Uma pilha de processo,
depois de 12 anos, nada havia diminuído!

O trabalho de 12 anos não aliviou
uma só folha de papel em sua mesa.
E para sua maior tristeza
muitas daquelas pessoas
eram suas velhas conhecidas!

Não boas conhecidas, mas pessoas
condenadas, novamente condenadas...
e ainda condenáveis...
novamente erradas.
Quantas vezes voltariam?
No mesmo crime, no mesmo pecado,
Será que eram retardadas?
Ou será que o Juiz
a fazer, não queria mais nada?

37 anos de idade, no auge de sua beleza,
um príncipe ou um astro de qualquer realeza
Estava ali, vivendo do erro,
envolvido nas tramas de terceiros,
gastando seu derradeiro passo,
num caminho sem volta,
numa armadilha, sem trilha, sem nota!

O Juiz estava rico,
honradamente do ganho do seu nobre trabalho,
e até dos ganhos dos seus acordos,
tão necessários,
para o andar da carruagem!

De nada se arrependeria... se não fosse aquele dia!

Sua querida esposa, tão aprisionada,
à servidão do marido à justiça,
já não conseguia dormir...
por isso tomava pílulas para isto
e dormia o tempo inteiro feliz.

Só acordava quando iam para a Disney...
ou Paris, ou esquiar na Europa ou nos States...
tudo isto faziam só para ter um álbum
de fotografia e mostrar o quanto
eram felizes e bem sucedidos! satisfeitos!

Agora não tem Paris, nem states
Vou falar com o Secretário de Segurança...
Será do meu jeito ou não será
Estou cansado de tanto julgar!

Assim foi, será!
Sentou-se na frente do poderoso Secretário
e disse sem rodeio... temos pouco tempo
nós dois! Quero um professor de Chinês ou Árabe!
Pode ser russo ou até grego!
que entenda, muito bem, também o Português!

Quero-o durante todos os dias da semana,
por 12 horas diárias,
Talves mais que um, quantos forem necessários!
que tirem plantão no presídio,
e ensinem chinês aos presidiários!

Russo, árabe, grego ou matemática
do 3 ao último grau!

Onde pretende chegar com esta conversa de louco,
quer logo se aposentar?
- não me faça pouco,
quero meu trabalho inovar...

É muito difícil a mente de um homem desviciar!
e vejo que crianças pegam o que não se pode pegar,
mas aprendem se elas são ensinadas...

Se não são ensinadas, crescem
e seus vícios permanecem, fortalecem
e não há como derrotá-los.

Só o mestre chinês, com sua espada fatal,
com seus golpes de sabedoria,
pode recuperar um homem,
que não teve a sorte e a alegria
de poder aprender o bem da vida.

Só um árabe com sua fé inabalável,
pode tocar a dureza
desta terra, com os mesmos lábios
de sua sagrada oração.

Só um Judeu com sua balança
nas mãos de uma justiça de olhos abertos,
pode trazer a este homem
a aprendizagem da dura realidade...
sem destruí-lo!

Mas onde está este sábio chinês?
Onde está este árabe tão caloroso
em suas preces, onde está este judeu,
tão correto e tão sincero?

Onde estão os verdadeiros homens de bem,
que ensinaram ensinam e ensinarão verdades e valores
para os filhos da sociedade,
para que não vivam em horrores eternos,
em uma efémera cidade?


Pobre Juiz, trabalhador anónimo
que dedicará sua vida toda, ao próximo pecador
cobrando, cobrando em nome de outros homens,
sua tarifa de dor...
que sua mão não pode ter piedade,
há um sussurro na cidade,
ninguém dorme em paz
com tantas atrocidades!

Isto tudo me parece uma simples questão de justiça,
de juízes e tribunais...
mas pode ser muito mais
Uma questão de todos, que eles os juízes
não poderão resolver, sozinhos, jamais!

You are welcome



Good morning everyone who comes to visit me, today... Thank you and have a nice day.



Agradeço o carinho da sua visita... Visitam este blog Brasil, Estados Unidos, Israel, França, Portugal, Antilhas Holandesas, Alemanha, Georgia, Coreia do Sul, Canadá, Malásia...Moldavia, India, Rússia, China, Turquia, Luxenburgo, Reino Unido, Ucrânia, Hong Kong, Itália, Austrália, Arabia Saudita, Argelia, Jersey, Peru, México, Slovenia, Ucrania, Macau , Emirados Árabes unidos, Egito,Argentina, Líbia, Romenia, Holanda, Marrocos, Ruanda, Japão, Angola, Indonésia, Senegal, Suécia, Cabo Verde, Belgica, Ucrania, Letonia, Kwait, Iraque, Polonia, Irlanda Brunei,Macedônia, Vietnan, Venezuela e Siria Welcome and I am glad... back again!...
e convido você que ainda não o visitou a visita-lo também.