domingo, 24 de maio de 2009

O Juiz II parte - O mastro de Marmore - conto - Maria Melo

Eu que bem o conheço pela sombra dos seus sonhos,
não nego que ele padeça,
da mesma dor que eu,
compartilhada de modo medonho.

De boa raça, e seda pura
sua pele nobre e brilhante,
faz dele uma casta criatura,
neste mundo errante.

Nem sei como o pobre suporta,
o cheiro da miséria do seu próximo.
que o ar alheio a sua nobreza,
espalha pelo mundo e sua porta!

Por mais fechada e mais fechadura,
tem poros e poros invisíveis
por onde entra o olhar da criatura,
que torna a vida dele impossível!


Assim este belo Juiz, que tão belo tão raro,
não vai ao analista, não chora, não duvida,
não implora perdão pelos seus atos.
Se vê de Deus aliado na justiça,

Não questiona o peso da sua mão,
nem de sua espada certeira,
rasga fundo até o coração,
rindo profundo da razão!

Por que que razão terá ele?
Sua roupa um tanto exótica,
seus papéis, os papéis deles,
que sua nobre sabedoria comprovam!

Mas ele não precisa questionar isto,
questiono eu, apesar do risco.
que bicho será ele no meio de tantos outros bichos?

Mas meu Juiz é grande apesar disto!
Julga sem temor algum qualquer pequena causa,
com toda severidade precisa!

Como eu disse, acordou desolado,
em tantos papéis perigosos embrulhado!
Papéis que vem de outras árvores,
com outras escritas caladas.

Leu-os em silêncio, na noite escura,
penso que ele pensa numa saída,
talves ser um reparador doméstico
e saber como se vai, neles a vida!

Como se vai esvaindo a carne, o sangue,
o trabalho, os sonhos, desde de o dia
em que são concebidos, até o dia
em que desistem de sofrer mais um dia!

Mas e se são maus... e se são do mal!
E se o sofrer deles for merecido,
E o Juiz for bom e for do bem,
disto estiver convencido...

Nada pode haver de errado com a lei
que sai do fundo do abismo para devorar
sua presa,
com que força é lançada
contra sua vítima, contra a qual
não há destreza.


Papel e mais papel, papel, a grande e absurda prisão,
prendem caiporas, caipiras, sábios e coronéis,
em células mortas que regem as regras,
que jamais serão quebradas,
são fragéis, alianças e anéis,
que se desfazem em cinzas, e fumaça e
desaparecem na voracidade da água!
ou no imenso azul do céu!

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