domingo, 21 de novembro de 2010

Duas Cartas de Amor - Maria Melo

Eu carpia.
Ele descia a rua.
Elas, as duas o seguiam,
a outra subia a rua.

Ele passou. Me olhou. Falou comigo:
Que vontade de trabalhar, domingo à tarde...
sorri com má vontade.
Que fazer...!

Ele se foi.
Elas, as três se encontrar na minha frente
Pararam para conversar,
As conheço... Nos juntamos, as quatro, de vista rápida.
Olhamos lá longe. Ele quase sumia:

Uma disse: Ele queria se matar estes dias atrás,
Estranhei, mesmo, por que...
O amor da vida dele o deixou. Foi embora.
Surpresa perguntei: quando:
Faz horas... não sabia. dois anos.


Dois anos... onde andei...
meu quintal é tão pequeno.
Pois é... muitas pessoas sofrem por causa
destas questões amorosas...
ela foi falando a vida dele toda...
Como sabe tudo isto... é amiga íntima dele...

Não! O amor da vida dele me contou...
Ah... Queria eu perguntar o nome dele,
Mas não consegui, uma imensa timidez me invadiu e um medo
que elas descobrisse meus sentimentos...

Que sentimentos... Nem o conheço. Nunca nos falamos
sinceramente, nem nos olhamos carinhosamente,

Da útlima vez que o vi,
ele estava sem camisa, fazendo ginastica,
fiquei olhando, só olhando, nada pensei...
depois ele me disse que estava muito quente,
Disse que não dormia...
Perguntou se eu dormia bem a noite,
com aquele calor...
Sai rápido de perto dele.

Cada uma de nós deu uma opinião
de como aquele homem deveria ser,
muito ciumento, muito possessivo, muito pegajoso,
muito amoroso, muito gostoso...
e todas riam com os pensamentos secretos que não diziam.

Fui pra casa com o coração apertado,
Aquele homem tão estranho,
que mora tão longe, tão do lado,
é simplesmente meu amado,
Eu não sabia que o amava,
descobri agora, neste momento,
isto é a poucos minutos atrás quando elas
falavam dele.


Queria se matar, meu Deus... como posso deixar isto acontecer...
Tirei minhas cartas,
aquelas velhas cartas escritas
coloquei as sobre a mesa.

Uma caixinha de fósforo cheia de fósforo,
uma caixinha de fósforo cheia de espinhos de rosas,
uma caixinha de fósforo cheia de lapis de cera, amarelo, moido,
uma caixinha de fósforo com um pequeno botão de rosa.

Peguei minhas velhas cartas  todas nuna caixa,
peguei o carro e desci a serra,
não era o mar... era água doce,
quem me dera...

Parei, sai do carro e comecei a subir a trilha de terra que levava
a cabeceira do rio cristalino,
boliçoso, meio às sombras das árvores,
daquele estranho espaço de tempo.

Os casais que foram juntos sumiram,
os jovens riam em suas aventuras,
cada qual tinha sua razão para ir ao rio aquele dia...
E todos nós tivemos um momento de solidão
para uma conversa única com as águas
que passam, que levam  e desfazem as tristezas da vida.

Peguei minhas antigas cartas de amor
acariciei, beijei, juntei ao coração, depois as joguei no rio,
todas, uma por uma, sem lágrimas,
sem mágoas elas dançavam no movimento e no ruido das águas do rio...

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