sábado, 16 de janeiro de 2010

Dona Joanita e o golpe da salvação. Conto




Este é para o desespero da morte.
Este é para mudar a sorte,
para espantar o forte.

Este é para uma tempestade iminente.
Não pense, não corra, voe.

Pé aqui, joelho lá,
os olhos no lugar. Olha a posição correta, nem
um pequeno músculo rebelde.
Ele, o mestre Gavião, pegou um giz,
desenhou no chão, uns pontos
brancos, num plástico negro.

Dona Joanita olhou, nem pensou em entender...
Pé aqui, joelho lá, mãos atentas,
não corra, não pense, voa.

Nunca vou querer saber isto,  disse ela para si mesma.
só estou ouvindo por mera delicadeza.

Gavião lhe deu  uma olhada de águia.
Não gosto de perder tempo não vou contar outra vez.
Não é para o tatami, nem para a rua,
não é para inimigo,
é para perigo.
Não é golpe é magia,
não é força, é quase uma fantástica poesia.

Dona Joanita tinha que ir embora, quase para todo sempre,
mestre Gavião vive sempre muito alto,
além dos vales das lágrimas,
e até dos telhados.

Restava-lhe só o abraço da partida,
e saber que nunca mais o veria na vida.
Hesitou e abraçou, abraçou e se dividiu.
Estava novamente só.

E lá no antigo retângulo, havia
um quadrado bem pequeno, de mesmo ângulo,
que precisava ser desfeito,
Dona Joanita invocada com aquela geometria,
decidiu roer por baixo
os tijolos que por ali se erguia.

Fez com a marreta um  buraco em desalinho,
na primeira parede, e entrou no tal quadrado,
uma lage de concreto no alto,
suportada pelas paredes estava sobre ela.

Estudou a simplória construção...
tijolos fortemente ligados por concreto,
lage pesada de teto.
quatro paredes, um burado no plano do chão.

onde posso quebrar e por abaixo
este lixo indigesto...

Resolveu quebrar tijolos na parede de frente
para o primeiro buraco...
Pegou um banquinho e sentou-se para ficar mais confortavel.
Quebrou, quebrou, o cimento e cao espalhou pelo ar...
sufocou... Levantou-se. estudou de novo.

Longe estava aquela pequena construção de desmoronar-se.
Desanimou... Mas os buracos na parede,
pequenos, porém  o peso da lage... mudava a cena.

Lembrou-se de seu mestre Gavião... Imaginou que
se ele pudesse estar ali, estaria sentado
à sua esquerda, olhando:
se preparando para vê-la morrer.
Se acaso aquela lage viesse  ao chão, de repente.

Então ela ouviu ele dizer... Você morrerá.
Não há outra lei... a lage cai e você morre em cima do baquinho.

Velozmente ela jogou o banquinho para fora e saiu.
Olhou, olhou de novo e não viu perigo.
Mas lembrou: pé aqui, joelho, lá,
outra perna cá, mãos atentas...
não corra, não pense, voa.

Pegou a marreta e pisou nos pontos brancos,
no plástico negro do mestre gavião...
com sua mente
o pé, a perna, a mão, a atenção:
bateu a marreta muitas vezes...
até que viu um pequenino e misterioso tremor
em dois centimetros quadrados de concreto e tijolo:

Dona Joanita não correu, não pensou, voou
enquanto voava com os olhos na nunca,
via o fim do mundo, uma lage de 4 metros quadrados
voava atras dela... o tempo era muito menos
que qualquer parte de um segundo.

voou aproximadamente 5 metros,  quase nada
quando tirou seu pé do chão para dar o último passo
sentiu uma fisgadinha no calcanhar e caiu.
Caiu com o peito no chão, os braços estendidos
Não conseguia respirar...

Enquanto voava via o grupo de altos religiosos
com uma especie de horror nos olhos.
Estavam do outro lado do rio, havia uma ponte...
ninguem teve tempo de pensar em dar
um único passo:

Também ela via o mestre Gavião, sentado tranquilamente,
no seu banquinho...
não moveu nem um dedo, nem um sussurro.
Também viu muitas crianças brincando ali por perto,
alegres ... embora aquela dia parecia bem escuro.

Depois de alguns segundos ela levantou-se:
Ouviu aplausos, viu risos e risadas, eram os religiosos,
aliviados... vieram ver a lage de concreto
no chão, meio despedaçada mas ligada
pelos ferros retorcidos...

Ela Joanita estava pálida...
sentou-se no mesmo banco onde Gavião estava,
ele já não estava,
ficou chorando, sem lágrimas,
questionava muito... estaria ela ainda viva...
ou ainda morta.

Mãe, no que você está pensando... porque está triste!
Como é bom ver estas crianças brincando...
distraídas, pelo menos agora mais livres do perigo.

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