terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Como nasceu Nit...conto - Maria Melo


A profecia:
Como todo bom personagem a vida de Nit foi profetizada.
Um de seus antepassados disse a sua mulher:
Logo, logo o vagabundo do filho do vizinho
vai encher a barriga da tua filha.
Não ensinaste nada a ela
de útil, se não procurar alguém
assim, como o vizinho. Desqualificado.

Tão logo chegou a primavera,
estava a menina de barriga cheia
o baú vazio e a cabeça alheia.

Os pais a tocaram de casa
e sobre ela desfilaram um rosario de maldições
e conjurarão punições,
por ter zombado do criador.

Igualmente os familiares do vagabundo
desferiram sobre ele golpe de excomungabilidade,

Sem teto vai cavar a terra e procurar
raizes para sustentar tua infeliz vítima.

Estava escrita nas caras deles:
Pise-nos, expulsos-nos!
Assim foi de canto em canto
até o nascimento de Nit,

E ela finalmente foi dar seus urros
num cortiço, rodeada da máxima ralé social,
é claro. Inspiravam eles o surgimento
de gestos de miséria da alma humana,

Aquela miséria interior que fica
muito bem escondida, debaixo de vestes
de luxo ou mesmo da pele, simplesmente,
bem acabada das faces e do coração.

Nem há como falar disto mas é uma
espécie de exorcismo...
arrancar o mal de dentro das pessoas
significa sempre ferir muito alguém.
E Deus, por mais que sejam ateus,
acaba sendo cuspido no próprio paraíso.

Era a caridade do castigo,
para que se regenerassem do pecado
de serem construidos de elementos
tão crueis, como ferro, quem sabe, até aço.

E até as serpentes
arreganhavam-lhes os dentes,
agitavam os chocalhos.

Assim ele veio ao mundo,
olhando de frente, com seus olhinhos miúdos
o preço do mal feito, do pecado
e do paraíso desfeito.

Pensou por si mesmo: Esta deve ser minha familia.
contemplou pela primeira vez
aquelas faces sem máscaras:
máscara de belezA,
DE BOndade, de sabedoria,
máscara de riqueza, de verdade, de alegria.
Nem mesmo a máscara da consanguinidade
estava presente por ali,
nem avós, primos, tios....

Só mãe e pai constava de sua lista.
E ela tinha uma certa máscara de inocência.
Que lhe deu os braços, o peito, o colo
e o deixou viver.
Nem mesmo perguntou sua velha história.

O cenário pode ser Jung
Mas de quantas diferentes realidades
pode viver o homem dentro do mesmo mundo...

Nada se faz nos primeiros seis meses de vida
de um bebê. Só mamá e chorar chorar e mamá.
Até quando... chora mais ainda se o bebê pensa.

Mas Nit olhava as pessoas e chorava
às vezes, Nit gritava e se debatia.
Noutras vezes, Nit olhava e simplesmente ria.

Nit teve um terrível problema intestinal
e se borrou todo. Sua mãe generosa
que era o mantinha limpo e cheiroso
mas disse seriamente: você é muito porco!

Nit ficou pensando nos homens matando os porcos
e os comendo em plena alegria:
Será que também serei morto...

Era a criança única daquele cortiço,
ninguém por ali, falava em familia,
quase todos já a havia perdido,
ou abandonado.

Nit olhou para os homens ( seus parentes por afinidade
de miséria) e começou a chorar.
Tinha medo, medo de crescer, medo
de aprender, medo de praticar
o instinto de ser gente e ser forte e
Nit tinha muito medo de amar, também.

Sua maezinha, bonitinha veio correndo,
Tudo vai ficar bem, balançava ele
no colo. Mas Nit demorava para se acalmar,

O que doia mais ele não podia dizer:
Mãmãe, me perdoe mas sei ler pensamentos
só não os sei dizer, perdoa meus gritos,
dentro deste meu silêncio sem por que!

Desta forma Nit se apossava dos segredos
de seus convivas que pensavam de tudo um
pouco, mesmo que muito daquilo não virasse
realidade, era sempre uma especie rara
de verdade.

E Nit logo, logo mereceu ser jogado
no chão, aprender com os gatos
a arte da paciencia de caminhar
elegantemente nas quatro patinhas,
sem barulho e com carinho.

Outros bichos, também feito o cão doméstico,
andavam pelo cortiço...
logo Nit se indentificou com todos.

Tudo parece ser suave aos olhos de um bebê,
deve ele ser alegre e feliz
a menos que sinta dor,
ou que outros o façam sentir dor.

Nem deve o bebê pensar sobre
a alegria ou tristeza do gato.
Nit estava num plano inferior.
Nem era como os outros animais,
que latem ou miam ou berram
para se expressar...

Nit só tinha mesmo, medo de aprender
a arte da humanidade.
Ah, devo ainda dizer que:
Quando saia de seu cortiço,
temia muito mais, o pensamento
dos estranhos e por pouco,
ele não enlouquecia todos naquela pensão.

Era o bebê mais estressado
que alguém já conheceu, alem de muito estranho.

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