domingo, 2 de agosto de 2009

A negra - conto - maria melo - Paraná Brasil -

Percebe-se claramente que existe uma intenção
por além das atitudes.
O casal branco ficou com a moça negra.
A decisão foi ficar perto,
descobrir o segredo... onde estava LAWA.

Poderia ser uma vingança do namorado
ferido no seu orgulho?
Ele era negro, de família negra,
da raça( termo indefinível, verdadeiramente)...

Mas o que importa é ter a moça por perto,
muito perto.
Por isso a levaram, por isso as autoridades permitiram,
tudo muito simples,
simplesmente simplificado.

Na casa, na intimidade do sofrimento,
da ausência de quem se ama... fica-se frágil,
e todas as regras podem desmoronar...
até as mais severamente possíveis.

E em poucos momentos estavam os dois
acreditando que ela fosse realmente
a filha desaparecida... não pela aparência,
mas pela presença, a indescritível
presença de quem se ama,
a presença que preenche um espaço infinito
que só o amor pode ocupar...

A razão no entanto existe e sobrevive,
sem pedir licença.

Um simples telefonema tira todo mundo
de seus sonhos.
Ela atendeu, normalmente,
como sempre disse "Alô...

A outra do outro lado responde:
"Lawa, querida, você voltou,
que felicidade, amiga... me diga por onde andou...
o que estava fazendo?

Ela respondeu sorrindo...
cheguei hoje de manhã.
Não liguei para ninguém, ainda e você como está,
namorando, estudando, planejando...

Nem acredito Lawa, você de volta
nossa turma vai adorar,
estávamos todos com saudades de você!
Vamos sair à noite?

Neste momento os pais se desesperaram...
Como sair... se ela é negra, nunca foi Lawa...
nenhum amigo de Lawa
vai aceitá-la, como tal...
o que espera? Será a garota doida, devera?

Se sim, ou se não, o fato é que naquele
momento ela era Lawa... eles sentiram isto
e se aterrorizaram com o sentimento.

Você não vai sair, não por enquanto. Espera
um pouco mais, até encontrarmos uma solução,
uma explicação para esta história,
esta confusão.

Não posso ficar presa por causa de um pequeno problema
na cabeça de vocês! Preciso viver.
Preciso viver com as pessoas,
do meu tempo, do meu mundo,
do meu coração! Será que nunca iremos nos entender?
Meu pai e minha mãe!

Espera Lawa... olha lá na rua, a aglomeração de vizinhos
inquietos por sua causa.

A moça espichou os olhos, suspirou e disse...
D... Natália, Dona Terezinha, Dona Joana,
Seu José Magro, Seu Antonio, O Fábio...
ora, será que é festa? Vocês os convidaram?
Por que estão conversando na frente do nosso portão,
aliás, não só falando como questionando
a vida alheia, que coisa feia!

Mamãe, vamos lá fora, bater papo,
escutar asneiras e falar bobagens.

Ouvir o que eles tem na cabeça...
vamos papai... você é mais corajoso!

Abriram a porta e foram saindo os três,
bem como antigamente,
a menina sempre reclamando,
o pai na frente, a mãe resmungando.

Chegaram no portão. É claro
que o portão já tinha sido palco de indagações
dos vizinhos. Quem será aquela negra
jovem e bonita?

"Será filha do homem branco de olhos azuis
com uma mulher negra? Isto Pode!"

Bom dia Dona Branca, como vai a senhora, Hoje?
Bom dia Álvaro, tudo bom?

Sim, conosco está tudo bem e vocês,
alguma novidade?
Não! Nada!
Oi, Dona Joana, disse Lawa,
não se lembra mais de mim?

A mãe socorreu a situação,
Está é uma menina bastante problemática,
fez uma porção de sinais para os vizinhos para
explicar que a garota
não era normal.
Ela está aqui conosco para tratamento,
é filha de um casal de amigos que temos.

Ah....!!! disseram eles, entendemos.

Saíram pela rua andando, a pé
tal como antes, porem agora
carregavam em suas costas
um enorme enigma!

Foram até a sorveteria, pediram sorvetes,
cada qual no seu silêncio,
saboreava o momento,
o momento mágico,
aquele em que nada sabemos sobre
nada, a não ser a enorme sensação
de estarmos vivos e ter que compartilhar
o amor, ainda que seja estranho
o ser que nos ama, o ser que amamos,
eles, no fundo da alma sabiam isto,
isto deveria bastar.

Se não houvesse tantos embaraços,
"Olha a cor da menina... Olha o número da menina,
olha os direitos dela... Não pode isto, por causa daquilo,
olha o estudo dela, a ficha dela, o pai dela,
a mãe, olha o cartão, o certificado disso e daquilo,

Ele já estava pensando em tudo...
sua mente prática e acostumada a se explicar,
e explicar-se sobre si e sobre todos.

E a pagar por tudo que não estivesse
conforme os papeis de uma sociedade
á beira da loucura de tanto desespero.

Tamanha trama, tamanha ordem
que virava desordem se um plug não plugasse...
O pingo dos is!

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