sexta-feira, 4 de junho de 2010
Apresentando o cupido ( Maria Melo)
Ele tinha seis namoradas.
Todas raposas caçadoras.
Ele reclamava delas. Eram lindas.
Ele gostava de todas.
Mas vivia muito só. Não as entendia.
Elas também não o entendia!
Um dia bateram ( mãos) à porta,
ele alinhou os olhos mágicos e olhou curioso,
lá de dentro para fora,
sem visitas aquele dia, não estava bem disposto.
Enquanto examinava a bizarrótica criatura plantada
do lado de fora ele
perdeu o medo e esqueceu os velhos cuidados,
ensinados por sua avó e abriu a porta:
Antes que ele perguntasse qualquer coisa,
a criatura disse: posso entrar... foi entrando.
Já estava dentro. Ele ainda deixou a porta aberta
e ficou parado segurando o trinco,
até pensou que ela iria logo embora
mas a criatura sentou-se
no sofá com uma estranha sacola no colo.
Dentro da sacola, uma peça ainda mais estranha,
maior que a sacola, deixava ponteiras para fora.
Ela disse: sou isso sou aquilo, mais isso, menos aquilo,
se me der um copo com água eu prevejo seu futuro.
Ele não entendeu mas percebeu que ela tinha sede.
Pegou água para ela ( a criatura)
Vou ajudá-la disse ele, bebeu antes
um pouco da água do copo e depois
deu-o para ela. Bebi um pouco para ajudá-la,
porque sua chance de descobriu o meu futuro,
está na casualidade de eu querer saber o seu
passado.
Tão logo ele abriu a janela parece que ela percebeu que era dia,
dia claro e logo o convidou para sairda sala.
Vamos lá pra fora, disse ela,
se não for comigo, não saio mais daqui.
Desesperado ele decidiu sair lá fora com ela
pelo menos a colocaria longe da casa dele novamente,
e a deixaria lá por milênios se la insistisse
O que pensariam as pessoas ao ver aquela
bizarrótica criatura na sua casa e se ela não fosse mais embora...
e suas belas namoradas,
ele tinha bom gosto. Apreciava uma boa beleza.
e amava acima de tudo a sua liberdade.
Ela a bizarrótica criatura estava louca para ir embora,
assim que ele abriu a porta, pulou porta a fora,
e ele também.
Sairam os dois sorrindo. Estava cada qual ao seu modo muito feliz.
Ela tinha conseguido entrar, ele tinha conseguido
faze-la sair.
Lá na rua ele mal se aguentava de contentamente
então ela disse: Por favor poderia me conceder uma foto...
Foto.. só se for de costas e de capa, tava frio.
Ui!!!!! exclamou ela, que pessoa! quero uma foto da sua cara,
dos seus olhos, nem precisa ser então da cara...
Olhe para mim, um momento, vou arrumar minha máquina.
Ele sentou no banco da praça, estava tão feliz que até ensaiou um sorriso,
enquanto ela virou de costas para ir mais longe,
foi subindo numas escadas lentamente,
Ele tão surpreso que não conseguiu ter um único pensamento lógico
naquele bizarro momento.
Ela subiu a escada e começou a abrir a sacola tirou de
lá uma coisa estranha, nada parecido com uma máquina
fotográfica, mas ele estava longe e por mais que estranhasse,
não achou nada estranho... Fazia pose para foto,
e ela fazia pose para fotografar,
Que Susto! Quando ele viu a flecha já estava voando
no ar e só viu mesmo que acertou o coração.
Ai sim, ele apavorou-se com a dor no peito.
A criatura vinha vindo. A sacola no ombro,
sorrindo. Tirei sua foto.
Mentira sua! Você me alvejou!
O que está pensando quer matar-me...
Pois saiba que não ando morrendo a toa.
Quem é você... ele criou coragem e perguntou.
Tá bom, já que perguntou antes de eu me ir, te digo.
Sou o cupido. Aliás pra você sou cuspido.
Ambos riam, é engraçado quando se encontra
algo mais pavoroso do que a si mesmo
era o que se passava na mente de cada um deles.
Você me flechou meu coração ainda doi.
Sim, mas deixamos as brincadeiras de lado e veja sua foto.
que foto... - a que acabei de tirar...
Não sou cupido, você está vendo coisas,
ou sentido coisas.
Ela a criatura pegou a máquina e começou
a mostrar as fotos para ele. Sim esta é minha foto
Mais surpreso ficou quando viu as fotos
de suas raposas preferidas. Raposas e não esposas.
Mas estas são minhas amigas... Sim
vou dar uma flechada em uma delas para ajudar você
e ter um amor.
Não!!!! tá louco, criatura, não quero um amor,
principalmente amor de cupido sempre famosos pelos enganos
e pelas malicias, muito obrigado.
Mas o cupido tem ideias irremoviveis
(o diálogo em questão é imaginário, porque o cupido não fala, flecha)
Ele o flechado estava lá com seus botões incendiados,
e buscava uma solução rápido para aquele desconsertante
problema.
Assim pensou consigo mesmo, conversando quem sabe a gente se entende:
deixe me mer seu aparato de flechas
não acredito que você seja mesmo um cupido de verdade,
e secretamente ele apertava o peito,
seu coração estava doendo.
foram andando para as escadas,
-Pois sou, posso prová-lo, vou flechar uma de suas namoradas,
ao acaso, você não precisa escolher gosta de todas elas
elas todas gostam de você, não é!
De jeito nenhum seu cupido. Não gosto delas do jeito que você pensa,
são só amigas... não entende... entendo, disse ele,
mas posso mudar isto e transformAR em amor!
Mas vou lhe mostrar minhas flechas envenenadas e voadoras.
Sentaram-se alegremente nas escadas,
O cupido abriu a sacola e pegou a máquina de atirar flechas,
e começou a mostrar tudo para ele.
Eu olho aqui e vejo lá... tá vendo... são suas namoradas,
então pego a flecha afio, lambo e aponto e mando,
e flecha vai direto no coração!
Assim ela se apaixona perdidamente por você,
faz tudo que você pedir e nada pede, vira sua serva.
Mas e se eu não quiser... Ah...
tudo bem você já está flechado,
não pode escolher para você, muito menos para elas.
Deixe me ver se entendi esta armação:
Ele o cupido é meio gente, meio antigo, filho dos gregos,
do Olimpo e um nato trapalhão!
Deu as flechas para ele, nas mãos dele.
Esperto, não... pegou as flechas, arrumou
quase que imperceptivelmente, lambeu e mandou
no coração do cupido. De tão perto que foi,
o cupido desmaio...!
Quem disse que pimenta nos olhos dos outros não arde.
Pobre cupido
ainda hoje flecha por todos os lados,
por causa desta maldição,
procurando o que nunca tinha procurado,
sua impossível e inimaginável metade.
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