terça-feira, 8 de junho de 2010

Ele o mar - conversa pública


Ele o mar falava tanto, tanto
que agonizava os ouvidos.
Não importava  quem, com quem, aonde como, por que, o que,
despejava verbos e orações, sentenças sem fim,
Falava da Europa, da Africa, da India, da China...
se nada o comovesse,
do seu presidente, do seu governador,
se você não se importasse
falava da vizinhança, dos seus parentes,
se nada adiantasse, você permanesse indiferente,
FALAVA DE VOCÊ

Procurava os seus mais sutis defeitos,
e abertamente com os olhos arregalados e os dentes
de marfim entre grandes risadas, zombava-os, impiedosamente.

Assim ia falando por sua vida afora.
Vivia da teimosia, só ela e todos sabiam.
Enquanto falava ninguém queria ouvir
mas logo aparecia um distraído e ela
se voltava pra cima dele...
às vezes nem mudava de assunto.

Misteriosamente foram ficando em volta dela,
não exatamente para ouvi-la mas para se divertir...
Ele o mar  bem o sabia, esperta que era,
alem da boca grande tinha enorme janelas,
seus olhos variam tudo ao seu redor, atentos que eram.

Assim foi andando e falando
já tinha uma pequena grande plateia, era quase uma artista
Não era filosofia era as relações da vida dela
com o seu mundo.


Um Dia Ele o mar chegou e encontrou muita gente a sua espera,
nem se preocupou, não lembrava nada do disse ontem,
nada sabia   sobre o que dizer amanhã
mas hoje já tinha suas quimeras  na lingua.


Asssim falou falou e falou... reparou que ninguém
prestava atençao nela  e que todos olhavam para outro
lado mais distante...
Ué, nem estão rindo...parecem atentos
nem olham para mim... Ele o mar foi olhando mais longe
enquanto falava e de repente ela viu o que eles estavam vendo

EStava ela falando com Deus... Meu Deus, eu também pensei
que falava com eles... Mas estás aí, surrateiro, feito raposa,
entre todos eles, eu aqui precisando falar... Não sabes,
acaso tudo de cor, daquilo que digo...

Logo em seguida Ele o mar esqueceu que falava com Deus,
despejou tudo nos ouvidos dele... como se fosse sua primeira vez
e como se Deus fosse qualquer um...
Todos estavam vendo Deus, todos os conhecem,
embora todos mantenham certa Distancia, por causa,
daquela antiga maldição: Quem vÊ  a Deus, morre!
E Deus por sua vez,
toma todos os cuidados, quem vê os homens, também morre.

Uma hora ela parou de falar,
Eles atentos que são perceberam que era uma super estatua de Deus,
Tão perfeita que enganou a todos,
não por muito tempo...é claro, porque as pessoas são muito inteligentes.
Ai, começaram a rir,
mas os olhos ainda fixos na suposta estatua de Deus...
Sumirá, brilhantemente, na frente dos olhos dela,
seria um show... ninguém sabia ao certo,

Uma pequena multidão começou a gritar:
Fala Deus, Fala Deus, fala com Ela,
Porque ela está falando com você!

Ele o mar ficou inesperadamente pensativa,
coisa que jamais fez antes... Seria aquele Deus, falso!

Pararam de gritar exauriram-se!
No silêncio dos olhares,
Ele Deus esboçou um largo e brilhante sorriso,
para a alvura de Ele o mar, e disse: É só isso...
todos viram e ouviram...

E aplaudiram muito Ele o mar
que disse: Pois é isso aí, que eu disse.
Nem se lembrava mais de nada!
E todos se dispersaram
muito diferentes do que quando vieram.

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