sexta-feira, 18 de junho de 2010

O estranho não pode ser domado


A estrada era estreita e escura.
O ônibus voava, sua lataria enferrujada
cantarolava  luxúria.

Risos noturnos, olhares espelhados
pela floresta. Céu em festa
mata adentro. Era só um único
e indivisível momento do tempo.

Meu nome aparece no ar,  sonoramente
aos berros estridentes...
desça! Salte,  por aqui, há outros
jeitos de se caminhar e de se chegar
onde se quer ir!

Quase não acreditei. Levantei-me do banco
daquele inimaginavel banco,
que me sorria com os olhos e coração.

e o deixei sem palavras, sem adeus,
sem volta, sem nenhum presente,
nem passado, ou qualquer futuro
sem efemeridade ou eternamente.

Sai correndo, sorrindo pelo escuro.
Desci do ônibus inacreditando que o fazia.
Ainda tentei ver na penunbra sua sombra
quem sabe ele me seguia.... mas não...

Tão logo me virei o ônibus já não existia.
A estrada sumiu numa curva,
nenhum ruido de motor na lembrança daquele dia.

Que céu mais lindo, insuportávelmente
lindo, ainda que ele não púdesse estar ali.

Uma laterna na minha cara me examinava
como se fosse os próprios olhos  de quem a segurava:
Quem é você... estiquei minha mão e toquei seu peito:

Era um homem. Eu queria a lanterna para vê-lo...
mas me consolei em imaginá-lo.
De braços dados, ouvindo o rio
sem ver o caminho, confiei-lhe meus passos.

Senti que ele  mancava. Nada por ali era muito facil,
ele conhecia o caminho, mas não conseguia
evitar as pedras!


Mas andava leve e estava feliz.
Apareceu no meio da noite uma ponte sobre o rio
Eu, de braços dados... so ria!
Era festa e alegria, nada mais.

Cruzamos a ponte com cuidado,
feita de paus e de  buracos a ponte assustava.
Dizia ele que a água era pouca para afogar,
mas as pedras eram duras de se aguentar.


Viramos à esquerda e vi uma fogueira.
Santo Antônio quer terço de moça casamenteira.

Na casa muitos abraços e beijos,
olhos apertados de surpresas
que jamais os surpreenderam!


O menino se jogava no chão, chorando,
queria brincar, a mãe queria que ele fosse dormir.
A fogueira la fora ardia e brilhava,
não era coisa pra criança.
brinquei um pouquinho com
aquele homem menino  e seus olhinhos
cheio de águas sorriram para mim.
Foi sim dormir eu o vi depois no quarto,
estava enrolado nas cobertas.


A casa cheia de gente e cada vez mais gente,
a porta abria e aparecia da escuridão
faces brancas e sorridentes
que enchiam a cozinha de risadas...
de abraços, de beijos, de alegrias.


No fogão à moda antiga lenha queimando,
e cheirando quentão, quentão de muitas ervas,
de sabor apurado e desconhecido
de minha lingua...

Me serviram copos cheios e virei
um, dois, tres... não sei... fiquei esquecida e esquisita.

Rezaram sob as estrelas brilhantes do céu
e toda frieza daquela noite, um terço
com tantas ave marias que se não me enganhei,
eles se enganaram nas contagens das contas que faziam...

Também rezei... as rezas deles repetia
com tamanha seriedade que até me desconhecia!
Depois fiquei perto da fogueira,
cada tora de brasa que até de olhar me estremecia.

Não sei ao certo que estranhos pensamentos
me ocorria....
Vai caminhar nas brasas... Maria...
Nem nas asas de uma águia
eu conseguiria!

Passa comigo dançando
sobre as brasas deste fogo queimando...

De repente veio voando do alto da montanha um vento sorrateiro,
arrastou  as faiscas para dentro da casa,
e espalhou cinzas pelo terreiro.

E eles que ora voavam da direita para a esquerda
sobre o fogo ficaram apreensiveis...
e correram para dentro da casa....

As mulheres correram para fora,
cochichavam entre elas... apressadamente fugiam para perto do rio.
O que se passava lá dentro não vi.

Ouvi resmungos. muitos.... e barulhos.
Eles o prenderam o vento no  quarto.
E ele queria quebrar tudo!

Pelas paredes voaram os tachos de quentão,
as panelas novas da dona, os baldes de leite,
os tições de fogo... pelas paredes, voaram os canecos e copos
que estavam sobre a mesa.

pelas janelas  saltavam os corpos,
e nas touceiras escuras se escondiam com porretes grandes
prontos para atacar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

You are welcome



Good morning everyone who comes to visit me, today... Thank you and have a nice day.



Agradeço o carinho da sua visita... Visitam este blog Brasil, Estados Unidos, Israel, França, Portugal, Antilhas Holandesas, Alemanha, Georgia, Coreia do Sul, Canadá, Malásia...Moldavia, India, Rússia, China, Turquia, Luxenburgo, Reino Unido, Ucrânia, Hong Kong, Itália, Austrália, Arabia Saudita, Argelia, Jersey, Peru, México, Slovenia, Ucrania, Macau , Emirados Árabes unidos, Egito,Argentina, Líbia, Romenia, Holanda, Marrocos, Ruanda, Japão, Angola, Indonésia, Senegal, Suécia, Cabo Verde, Belgica, Ucrania, Letonia, Kwait, Iraque, Polonia, Irlanda Brunei,Macedônia, Vietnan, Venezuela e Siria Welcome and I am glad... back again!...
e convido você que ainda não o visitou a visita-lo também.