domingo, 11 de abril de 2010

Bendita Benedita


O velho adoeceu. Moribundo não olhava mais para o mundo.
Seus olhos colados na parede nua, seu corpo, ferida
na cama, enrolado no próprio desgosto da vida.

Ele era o chefe ali, suas eram as terras de todos,
a cidade, a orquestra de sapos noturnos e o lodo.

Os sacos de dinheiro, as donzelas e as generosas,
ninguém lhe negava nada, ele era realmente bom.
Mas agora estava quase morto, nada lhe interessava
nem a bondade acariciava mais  o seu  tom.

O médico, o padre, o feiticeiro, o curandeiro,
o remedeiro as comadres, as rezadeiras, enfim todos por ali,
aguardavam o desfeicho daquele maleficio  de sorte:

Sua mulher a amante muda  ficava mais muda no seu canto,
porque ele ainda era tão jovem e ela já estava tão velha,
e ficaria muito mais velha depois da sua morte.

Exames e examinadores da carne e do espirito
tiravam plantão no seu quarto. Nenhuma doença de fato
apenas o desejo de partir seu próprio pacto.

A sua mulher, amiga e  companheira,
estava velha, doente, gorda e feia.
E na cidade todos falavam que ele
já não era mais o mesmo, andava cabisbaixo,
com o couro no arreio, quando por fim,
acamou-se de vez e na cama emudeceu.

A BENDITA BENEDITA...
andava nua pela cidade, era professorinha da criançada,
até que um dia zequinha e a turminha,
apareceu no seu quintal e a dita professorinha,
os convidou para um mingual.

Um mingual de milho verde, conhecido por aqui por Cural.
A criançada gostou. É natural e falou
como a professora estava nuazinha
na pele de Eva, enfeitando o parreiral.

Da escola ganhou a conta, ninguém deixava o filho
passar na rua dela. Os vizinhos fizeram muros,
a prefeitura pintou suas janelas.

E nem ganha pão mais na cidade,
professora conseguiu arranjar...
mas continuou nuazinha a caminhar pelo seu quintal.

Ora mostrava   uma parte da frente, ou a outra parte,
não importa tudo estava ao sol.
Desprezada e humilhada  a bonita professora,
não perdeu seu rebolado.. a pequena cidade só dela falava,
mas agora também da doença do seu chefe respeitado.

A velha mulher e todos os amigos cansou de tanto esperar
que a morte o levasse ou o curasse,
porque era muito dificil pra todos o sofrimento do homem.

Em pouco tempo ela já estava sozinha com ele
moribundo e quase morto.

tirou a roupa, subiu na cama, balançou suas carnes murchas
na frente dele, chamou de zé meu bem,
chingou de  João de ninguém... ele nem abriu os olhos,
Não queria sopa de galinha cheia de oleo,
cheirosa, saborosa mas agora podia jogar tudo fora.

Ela desceu da cama desanimada: O velho marido
se ia porta a fora porque ela sua donzela tinha virado um caco.

Pensou nas belas meninas da cidade,
as moças donzelas, casadeiras, pensou nas pirainhas generosas,
nas putas velhas sem rodeios...

Que carne comprar para a sopa de seu velho e moribundo marido...

A bendita benedita... Foi a velha procurar
A moça esfomiada queria mesmo trabalhar...
e na casa dos velhos, se vestiu feito uma matrona.
prendeu a cabeleira, fechou todos seus botões.

Na cozinha da velha preparando o jantar ela a velha
começou a falar... Benedita, vai trabalhar assim,
toda abotoada...  com esta saia no calcanhar...

Bendita benedita disse, sim senhora, me desculpe
pelo falatório, vou me comportar muito bem,
já não tenho o que comer... fique sossegada,
metade do que dizem nem é verdade.

A velha pegou a tesoura e cortou os botões
da blusa de benedita, sim, vai de blusa, mas de blusa aberta,
desbotoada... vê se ele come alguma coisa...

A moça confusa não reagiu pegou a sopa e foi para
o quarto a velha a seguiu... esperançosa...
Será que ele repara que a blusa não tem botão...

Um dia sem botão, outro sem blusa, outro sem saia,
outro sem calcinha, sem sapato...
e o velho foi melhorando... foi se curando.

A velha foi ficando cada vez mais feliz. Ele
foi virando os olhos, mechendo as mãos, murmurando
fazendo carinhas e fazendo manhas
que nem tinha terminado o inverno
o velho já estava ótimo...

Bendita Benedita é hoje chefe de gabinete,
ganha colar e pulseira de ouro, da primeira dama,
e todos sonham que um dia ela tire novamente a roupa...

Para curar muitos outros doentes
que pela cidade inflama.

Mas ela é seria e disso ninguém duvida
e só quer mesmo escutar um "viva a bendita benedita"!

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