terça-feira, 28 de setembro de 2010

Mellinde

a Mellinde nem princesa, nem cinderela,
nada que tivesse escrito nalgum canto,
era uma criatura viva e dolorida,
que nascera pelas bandas do rio,

e crescera arrancando espinhos dos pés,
macetando os dedos nas pedras...

Mas virou uma coisa cobiçada,
cobiçada por si mesma, cobiçava algo.
que nem sabia se existia ou não.

Provalmente tanto para a esquerda, quanto para a direita
haveria um reino, reis, guerreiros, conquistadores,
herdeiros, senhores,
talvez haveria alguém que conseguisse arrancar
do peito aquela milenar e feroz ausência.

Porque ela bem que via
de sua moita intocável, ao raiar do dia,
aquele cavaleiro branco, com um chapeu de copo de leite,
na cabeça e uma franja grande
passava sempre  entre os trilhos da floresta,
Levava carta, mensagem.

Para quem... esperava ser para ela...
mas ele passou duzentas vezes sem nunca vê-la...
(exagero dela) talvez 5 ou 10,
para quem espera uma carta,
é tormento a espera.

Ela não sabia ler. Bastava entretanto receber a carta,
em caso de amor, apenas as boas noticias se mandavam.

Ninguém lhe escreveu... Só os muito nobres podiam escrever algo,
ou ler algo ou receber uma mensagem... mas ela não sabia disso.

O mensageiro passou para lá, para cá... muitas vezes, nunca tropeçou nela,
Mellinde já morava nuna grande pedra, para vê-lo de longe,
se procurava por alguém por ali... Ele seguia... nem olhava para os lados.


Onde estaria o seu amor...

um século depois de Cristo
O futuro quase sempre inimaginável rondava a todos.
Então ela decidiu escrever uma carta:

Às vezes o cavaleiro de copas vinha no sol.
Ela pensou que se escrevesse numa folha de bananeira,
sería muito legal... faria sombra,
para ele nas horas mais quentes.

Para o ano 2005, maio, 14...nas encostas
do mar... Rasbiscou com um graveto, feriu a folha,
algo absolutamente intraduzível,
aquilo que estava no coração... pensou e escreveu!

E foi para a pedra esperar o cavaleiro de copas passar e ele veio assobiando
no seu cavalo  branco, sempre levava boas noticias de amor,

Quando ela o interditou com outro cavalo de uma outra cor,
não tão nobre, mas muito bom,
Preciso enviar uma mensagem... Surpreso ele
perguntei cadê... ele lhe deu a folha da bananeira
está aí, tudo escrito...

Que idioma é este, não conheço... Importa para o senhor...
Mas quero saber que mensagem levo... é uma carta de amor.
Onde está o seu prometido... Não sei disse ela,
está neste ano, neste mes, neste dia,
nas encostas do mar...
Ele riu, será que não sabe mesmo que uma cavaleiro de copas,
não anda nem no passado  e nem no futuro,
mas que so pode andar e levar mensagem
num determinado espaço físico... presente....

Não sei onde está 2005...
Mas diga pelo menos o nome dele...
Ela respondeu sorrindo... Pode ser Jorge, João,
Sei apenas que é forte como um leão.

O cavaleiro mensageiro decidiu entregar a mensagem,
para o primeiro que encontrasse,
ele nunca encontrava ninguém...
Os homens viviam nas batalhas.

Quando ele pegou a mensagem e ficou a pensar olhando os riscos
na folha de bananeira... as pedras começaram a rolar,
sob as patas do seu cavalo...
e Mellinde sobre a grande pedra se transformava, ora em muitas,
cidades inteiras nasciam e cresciam nos vales,
ele cavalgava estrelas e luares,
sangue lágrimas e olhares, ele voava,
Mellinde continuava sentada na grande pedra,
seu sorriso povoava o cume das montanhas,
Parecia brincar.

De vez em quando ele sentia a impaciencia dela,
o tempo continuava a passar,, . a folha verde na mão,
procurava  pelo homem forte feito leão,


Muitas cidades tombaram, igualmente o sonho
e o sangue de seus habitantes,
cresceram cipós e samambaias,
dentro dos salões de festas  e nos
aposentos das damas.
A pedra de Mellinde continua no mesmo lugar,
a mesma lua, tanto de dia quanto de noite,
o mesmo brilhar no olhar.

O cavalo branco morreu ainda pelas bandas do mar,
o cavaleiro de copas perdeu tudo
até seus documentos ficou lá pela praia,
procurando justificar sua existência.

Mas a bananeira, a sabia bananeira,
não esqueceu seus ferimentos,
lembrou o homem seu juramento:
Entregar a carta em 2005, lá pelas encostas do mar,
dali da praia ele até olhou e viu ainda Mellinde
sobre a pedra,
tricotando seu coração... nos seus longos dias de espera.

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