quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A sua aparência - Maria Melo

Um dia de mais de 24 horas pra se viver,
mas tudo dentro do normal.

Era dia de sair para trabalhar.
ela vai para o ponto do ônibus,
encontra uma amiga e se põe a conversar:

De costas para ambas um rapaz permanece em silêncio
durante o proserio,  até que não aguenta mais
vira-se e olha para ela do começo ao fim,
da cabeça aos pés e diz oiiii! Ela responde Oiiiiiii!
Foi só nada mais estranho. Nunca o vira por alí antes.

O ônibus para, entram e sentam. O rapaz sumiu de sua mente,
de sua frente. Se confundiu. A viagem prosseguiu tranquila
e cheia de vozes. O ônibus chega ao destino. Todos
descem e ela se despede da amiga e toma um sentido oposto,
vai trabalhar, dois ou 3 km, a pé!

Dá alguns passos e sente um toque no ombro direito
volta a cabeça e vê o rapaz de antes, sorrindo
com uma cara muita estranha que   disse:  posso ir junto com você...
Ela fala: está  indo para onde...
vou pra lá aponta ele. Então pode.
Ela pensa no perigo. Será  que é perigoso
fazer este trajeto com um estranho... às oito da manhã,
em ruas cheias de pessoas... Medo de que...
ser assaltada, sequestrada...
Ela nem pensa nisto e vão andando.

Ele diz: Reconheci você pela voz.
Ela questiona, como se nunca nos vimos antes....
Não sei mas enquanto você falava eu te reconhecia.
Daqui pra frente nunca mais vou deixa-la andar sozinha por ai,
estarei sempre com você. Ela riu tudo que pode.

Serei seu segurança, seu anjo, seu guarda costa,
o que você quiser eu serei
mas sou mesmo seu namorada e pra sempre.

Ele mais que depressa pegou a mão dela que balançava solta,
enquanto caminhavam segurou-a firma
ela deu um puxão mais forte no braço e a soltou.
Ei que isso, largue a minha mão, preciso dela comigo.
Ele se fez de bobo e riu... tá certo, me contento em ficar por perto,

Ele perguntou você me acha um rapaz bonito...
Então ela se  lembrou de olhar para ele,
e o fez sem constrangimento. Da cabeça aos pés,
Que esquisito chapeu, nunca vi um destes antes,
parece um chapeu inventado para o momento
mas os tenis ela conhecia muito bem,
eram iguais aos do seu paí com 9  décadas de vida,
com listrinhas azuis para dizer que era de menino.

Reparou o seu sorriso, seu olhar e falou,
bonito sim, principalmente se for bem educado.
Eu sou. Falou ele protamente.
Mostrou suas mãos o que você acha que faço...
Ela examinou: Nossa que mãos, enormes
fortes, e muito marcadas, não tinham ferimentos
externos, tinham sim características que lembravam
um trabalho muito pesado.

Não tenho ideia do que você faz. Adivinha disse ele.
Não posso. Não consigo adivinhar
Dirijo um trem de ferro, um cargueiro.
Um trem... nossa! E conversaram um pouco sobre os trens e os trilhos,

Ele disse muitas vezes que estava apaixonada por ela,
40 minutos que nos conhecemos e você está apaixonado...
Não sei não, penso que quer me dar o amor  que tens por outra mulher...
Ele jurou que era o seu namorado.
Ela explicou que já tinha namorado,
ele não se importou... mas não está do seu lado como eu estou,
e estarei para sempre.

Ele diz que é o dia mais feliz da vida dele.
promete leva-la para passear onde ela desejar,
promete sustentá-la do melhor jeito possível,
trabalhar muito mais para agradá-la,
ela ri e diz que agora não pode, está ocupada,
ele diz, não faz mal, quando você puder...
Ela ri... pensa:
O que vou fazer... já sei vou virar à esquerda,
e lhe diz: aqui eu fico. Ele parou e disse fico também,
ela pensou... se pelo menos meu telefone tocasse...
mas não tocou e ela decidiu caminhar mais um pouco,

Ele  sugeriu, dá o teu número de telefone
Assim não vou esperar você terminar o seu trabalho,
telefono mais tarde, pegou o celular e ficou esperando.

tanto melhor pensou ela. Vou mentir. Mas não adianta,
disse o verdadeiro número do seu celular, ele confiriu
e guardou o celular.

Hoje a tarde  vou a sua casa
ver o seu computador.
Não, falou ela, minha casa não tem chão e nem parede,
não dá pra pisar nem  entrar.
por que  você não vive nela.. .Vivia. Agora ela está sendo desmontada.
Que ótimo, você pode ficar na minha casa,
bem perto do ponto de ônibus onde a encontrei.

Ela lembra de perguntar que são seus pais,
ela diz: conheço todos por aqui, se me disser o nome
da sua mãe ou pai, eu me lembrarei...
Ele se atrapalha e não diz. Ela percebe e fica quieeta.

Por fim o celular dela tocou e ele perguntou será o seu namorado...
o outro, diga que você está comigo. E ele não te incomoda mais.

Ela falando no telefone:  Venha sim, pode. Estou aqui perto de
tal local, você me vê de longe.
Enquanto isto ele olhava e ria. Um sorriso meio alucinado.

É um amigo, disse ela para ele.
Ah que tipo de amigo. .. É um amigo policial.
Militar, perguntou ele. Não, civil, disse ela.
Ele vem te ver...  está vindo... vou fazer um trabalho para ele.
Trabalho policial... questionou ele. Não, um outro trabalho.
Ah... vem agora... Sim, daqui alguns minutos.

Naquele instante um outro amigo apareceu e o cumprimentou.
Ela falou até mais então estou indo.
Vá sim, depois te ligo... Ela se enfiou rapido no meio das outras pessoas.
Se sentiu aliviada. Depois veio  o  amigo, o trabalho,
as horas passaram e veio a hora do almoço,
Um restaurante lotado,
uma ótima refeição e um bom amigo do lado
e aquele incidente ficou completamente esquecido.

Depois veio a tarde, o amigo foi embora,
tomou o rumo de sua vida e sumiu,
a boa comida ainda dava volta no estômago
e ela já estava completamente sozinha de novo.

Nas ruas deserta de uma cidade longa
o telefone berrou na bolsa tanto que até chaqualhou...
Ela nem olhou o número:
Alô...Oi meu amor, disse a voz animada do outro lado,
sou eu o seu amor... Estou aqui parado em frente sua casa,
quero falar com você...
Ah, querido disse ela assustada, mas disfarçadamente,
eu não cheguei em casa, ainda. Estou no centro da cidade,
Vem então... pra gente conversar.
vou demorar disse ela .. vou visitar os meus pais... no outro lado da cidade,
Mas meu amor, à noite eu vou trabalhar,
preciso te ver. Estou com saudades.

Eu sei... mas não posso ir pra casa agora.
Tá bem, eu espero.

A situação começou a causar uma preocupação:
Mas se meu namorado descobrir isto...
que este estranho homem está rondado minha casa,
o que pensará... e se ele estiver em casa quando
ele aparecer lá... o que farei.

Ela deveria dizer... ele é meio maluco,
cismou comigo. Pensa que sou sua namorada,
e eu não o conheço. Posso dizer que nunca dei meu número de telefone para ele,
que  só o vi uma única vez...
mas que andei lado a lado conversando com ele animadamente,
mais de 10 quarteirões.
tempo mais que suficiente para qualquer pessoa se apaixonar...

Não é o meu caso. Não estou apaixonada por ele.
Não tenho a intenção de me apaixonar por ele, nem agora e nem nunca.
Ela via alguma coisa errada com ele.
Mas via também sua brilhante inteligência,
  brilhar  muito mais além do que sua aparencia.

A sua aparência: descrição.

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