sexta-feira, 5 de março de 2010

O destino de Pablo e Joanita - conto


Ela e Ele olham a rua perdidos,
cada um, nos próprios pensamentos:
Ela está grata por ele existir.
Não sabe como sua vida está tão feliz...
Ele também agradeço o presente dela.
não sabe porque está tão feliz.

O momento é matematicamente perfeito.
Eles, entretanto estão paralizados diante da estratégia da vida:
Quaisquer outros dias ela não hesitaria,
se atiraria nos braços dele,
se fingia de morta no seu sofá,
na sua sala, em qualquer canto onde ele pisasse,
só para vê-lo desesperado e de perto,

Ele que conhece a solidão
a arrastaria pelos cabelos e a amarraria
ao seu fogão, se fosse em outros tempos...
Mas justamente agora,
quando ambos estão amargurados por seus afazeres
tão mal sucessidos, tão desencantados,
e acima de tudo vingativos.

Querem ambos se vingarem de Deus, por suas derrotas
e desamores, suas decepções,
E não aceitam mais a possibilidade de serem felizes,
especialmente porque o amor
não tem manual de uso, pior que não tem
regra e nem excepção que se possa confiar...
e nem mesmo tem garantia de paz e harmonia...
e quem sabe até devolução...

E quanto maior, mais assustador.
e mais devassador, de fato, mais perigoso.
Os olhos dela não se esforçam mais para esconder seus sentimentos,
Ele nunca acreditou em nada, sinceramente,
quando amava alguém tinha a certeza
que estava enganando a si mesmo,
por que aquilo que sentia não era amor,
era uma obrigação, para consigo mesmo.

Então ela decidiu falar:
Eu amo você! Não sei porque mas amo.
E se souber porque eu não lhe digo.

Falou mesmo friamente, e olhou nos olhos dele friamente, também,
seus olhos quase verdes, ou azuis ou sei lá de que cor,
estavam tão frios quanto o gelo e disse:
Não é verdade. Você não sabe o que diz.
Provavelmente fala de amor porque não sabe o que é o amor.

Eu já sei o que este sentimento tão maravilhoso
é capaz de fazer...
Se a gente se distrai... ele vira um alien... e devora
tudo que vê pela frente...

e você já é uma E.T... sem estar apaixonada...
Imagine que tipo de criatura se transformaria se alguém a amasse!

Ela discutiu um pouco mais, de matemática e de amor,
nunca se sabe quase nada...

- e esperou ele terminar seu discurso que diz Não, Não, Não,
Não e Não. Ela afirmou: Você é um agente secreto.
Ele respondeu sem hesitar: Fui, no meu passado, nos U.S.A
Agora estou aposentado e vendo paredes...
você mesmo me comprou uma. Eu sei. Não me importa.

Vou me casar com um agente secreto.
Assim ele trabalhará melhor. Morará mais perto de sua presa,
e ganhará mais por prestar serviço de qualidade.

Este ano, já contei mais de doze agentes secretos,
tão secretos que eu sempre sei.

Aí ele não aguentou e deu uma imensa guargalhada:
Você é de hospicio. De onde tira tantos agentes secretos na sua vida...

Eu sei de onde os tiro... mas não te conto.
Olhe para si mesmo, quanto ganha para me vigiar...
e o que te disseram, se me contares pelo menos uma verdade,
por mais simples e insignificante que ela seja,
te darei duas... contarei duas histórias bem verdadeiras...
mas duvido que saibas a causa
assim como os outros agentes secretos, tu também
não sabe o porque trabalhas para eles.

Pablo se viu desesperado... nunca pensou
na claridade daqueles olhos tão fugazes e tão futeis...
fazendo tão profundo interrogatório!

Ah, tá certo, você subtraiu um chip lá na minha casa,
era meu e importante, ia usá-lo no meu canário.
para uma variedade de canto...
no mesmo bico, nas mesmas penas...
Pode me devolvê-lo falou sério,
disfarçando o nervosismo.

Ela não escutou.
Enquanto ela falou ele Pablo pensou:
Não sou alguém,
ela é ninguém. Quero ir embora para outro país,
e levá-la pra longe de qualquer eventual loucura.

Nem pense, disse ela, não tem fuga,
os agentes daqui que me vigiam não trabalham no cinema,
e não exageram no Q.I.
e maioria deles nem recebem dinheiro... o fazem
por causa da grandeza da profissão: Ser um agente secreto,
dá uma biblioteca de salvação
para os seus praticantes.

De repente ele tem uma ideia: E se ele tivesse apaixonado...!
No cinema os agentes namoram as bandidas...
mas as bandidas são lindas... e são espertas!
mas Joanita nada tem com isto!

Pablo disse, vou me embora, antes do contrato.
Você desconfia de mim.
Desconfio, não!, tenho certeza, mas não vá!
Enquanto sou um agente, não posso me apaixonar
(pensou ele) Nem poosso gostar dela,
não sei quem ela é ou quem será...

No que pode se transformar esta mulher...

Sim, esta talves venha a ser a questão básica,
no que ela se transformará...

Vamos lá em casa, aliás a casa é sua, a gente
conversa mais tarde, conforme as horas passam
as ideias claream, amadurecem ou até mesmo morrem,
quando chega a escuridão.

E no dia seguinte a gente sente que algumas delas
estão enterradas, mortas de verdade, outras foram
enterradas vivas...

Eles precisam falar do amor,
mas o amor está em grego.
Nenhum dos dois fala grego.

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