Se eu digo que luto
eu luto
se digo que venço
não convenço.
Se digo que ganho
eu ganho,
se digo que é lucro,
ou recompensa...
minto, invento...
nem produto de roubo nem de furto,
nem vitórias ou prêmios.
nada pode ser mais ameno,
do que o anonimato de alguem.
eu sempre ganho
mais um dia,
para gastar na batalha perdida.
até o dia que eu não suportar a mim mesma,
porque todo o trabalho que tem por aqui,
não é mais e nem maior do que o que tinha
Gandhi...por lá...do que terá, sempre terá...
De alargar os corações... e torna-los
mais ternos, mais próximos dos próximos...
Um trabalho lento e cansativo que é
de Rasgar, queimar e esquecer a voluntária interpretação de Maquiavel.
Por que nada me convence que isto seja
a Lei e vontade de Deus...
de vez em quando pressinto
que ele está pronto, ao ponto de apontar
seu dedo demolidor para o mundo...
Senhor, por favor espere mais um segundo...
estou tentando, tentando...talvez consiga
um milagre, que ninguém conseguiu até hoje.
do meu lado não tem ninguem,
para cima uma multidão de estrelas...
cintilam cintilam me consolam
quando me deixam ve-las.
Na minha frente tem de tudo,
atras de mim, tudo tem.
do meu lado ninguém.
mas tenho vida, enquanto ela me tem.
Não posso te agradar como convem
ando passos incertos, aqui e no além.
e mesmo que viesse um exército,
não seria de tudo um bem.
Gosto de ser oculta, assim na vista plena,
viver na gruta assusta, sair dela também...
De fato vago, mas sempre de olhar
atento no tempo que não enruga, não dá furo nem
dá folga para ninguém...
Escolhi o trabalho leve,
de certo modo sou fraca...
talvez se fosse como uma vaca...
que dá o leite, o couro, a carne...o sangue
até o bezerro para sustentar seu rebanho humano...
talvez talvez pudesse dar certo algum plano...
enquanto isto vou passando e dizendo olá,
como vai o senhora, a senhora?
Como estão os familiares,
o trabalho, a labuta, a saude, a escola?
vou dizendo olá e vou passando.
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