quarta-feira, 24 de agosto de 2011

A esperança dança - lenda

Na frente do bosque
os olhos fixos no arame da cerca,
as árvores cresciam em paz e os pássaros não
se sentiam preso às presas.

Olhava as árvores, as pequenas:
Cansava-se de olhar para cima.
Viu um rosto entre as folhagens, de perfil
Uma pessoa estudando a vida selvagem
alí deveria haver um rio.
Porque o caminho ainda era meio úmido e frio
talvez até molhado de orvalho e lágrimas
como costuma ser o leito das águas
secos por causa de algum desvio.

Pelo rosto poderia ser uma mulher,
parecia Jovem, bonita mas era meio verde.
Talvez estas pessoas mascaradas por temer
o seio da floresta.

Instante depois a pessoa deslizou mais
e ficou de frente para o observador.
Poderia ser um homem. Se fosse homem
ou mulher... não saberia. Não viu o sexo
nem mesmo os braços, pernas e pés.
Tudo estava muito envolto pela floresta
coberto de ramos cipós   caules verdes 

Começou a nascer folhas pequenas pela cabeça dela
e foram crescendo cipóes e cobrindo cada vez mais
seus cabelos e faces e olhos...
então ela saiu junto da estrada e começou a se mostrar

Não se vê mais a pessoa apenas uma árvore,
com braços e pernas e todo o corpo coberto de folhagens.
Assim uma árvore só na beira da pequena estrada
 começa a dançar... Não sei se dança ou se o vento a balança...
em um silêncio que jamais os ouvidos alcançam...

Se mostra sua boca exposta, não sua voz,
seu corpo todo coberto de casca e nós..
e suas folhas verdes espessas,
estômatos aos raios do sol.

Dança se cortocendo miudas pontas
suas folhinhas santas, suas sementes por vir.
suas flores que se dará ou não o pão de sua raiz.

Até assim a árvore ainda parada, enraizada
presa apenas levada pelo vento.

No êxtase, não mais que extase do solo se  desprende 
e começa a correr pela floresta,
as árvores maiores seguram seus galhos, rentes,
parece haver sobre o chão um rodopio diferente.

E a pequena árvore
vai abraçando todas as outras, estendendo os braços galhos,
sobre os troncos, tocos e folhas e  frutos e flores
que farfalham enquanto ela corre e passa.

A árvore murmura e o vento sinfonia suave
os frutos maduros se curvam as flores voam pelos ares.

cobrem os caminhos por onde quer que esta
árvore passa.
(continua depois)

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